Cidade da Praia, 29 Dez (Inforpress) – A greve dos profissionais da saúde por melhores condições de trabalho e a epidemia da dengue cujo número de casos confirmados já ultrapassou os 18 mil e oito óbitos marcaram o sector da saúde em 2024.
Os profissionais da saúde, pela primeira vez, em Cabo Verde saíram à rua, durante três dias, para reclamarem a situação em que laboram e o cumprimento por parte do Governo do acordo assinado para melhores condições salariais.
Em causa, segundo o Sindicato Nacional dos Médicos, esteve o não cumprimento do acordo assinado em Novembro de 2023 entre o Governo e os sindicatos dos médicos e enfermeiros no qual se previa a resolução das reivindicações até 01 de Julho de 2024.
A greve teve ainda como objectivo exigir do Governo o cumprimento do acordo assinado com os sete sindicatos em que solicitavam a aprovação do Plano de Funções e Remunerações (PCFR) da carreira médica e a respectiva regulamentação.
Porém até esta data, final de Dezembro de 2024, o Governo ainda não cumpriu com o prometido aos profissionais da saúde e a situação do sector tem vindo a “piorar e a degradar” no serviço público prestado à população, conforme as reclamações dos utentes que procuram consultas, cirurgias, exames laboratoriais, entre outros.
Recentemente, o primeiro-ministro numa visita ao Hospital da Praia, garantiu que a proposta do Plano de Carreiras, Cargos, Funções e Remunerações (PCFR) dos profissionais de saúde estaria “fechada” até o final do ano, alegando que só faltava ultimar o plano do pessoal técnico e do pessoal operacional.
Por outro lado, depois de vários anos sem dengue, o país volta a ser fustigado pela doença que, de Novembro de 2023 até esta data, já ultrapassou os 18 mil casos confirmados, e oito óbitos, dois a mais do que os óbitos registados em 2009/10, quando o número de casos foi de 21.000. Assim como a dengue, Cabo Verde que já tinha eliminado o paludismo contabilizou dois casos da doença confirmados pelo Ministério da Saúde.
Neste ano em que a Saúde Mental esteve na linha de frente, várias acções foram realizadas no sentido de se dialogar com as diferentes gerações visando quebrar estigmas e construir um futuro “feliz para todos”.
Neste âmbito e para o apoio integral aos cidadãos foi aberto um Centro de Atendimento Psico-Espíritual, São João Paulo II, que se acredita ser um pilar fundamental. Este novo centro visa não apenas oferecer cuidados psicológicos especializados, mas também integrar a espiritualidade como parte do processo de cura.
Neste ano o Hospital Universitário Agostinho Neto (HUAN) foi acusado de “negligência” nos casos de óbito materno, e o hospital justificou sua acção com o “cumprimento protocolar” face ao desaparecimento do corpo de um recém-nascido na casa mortuária.
Já quanto à morte da paciente, Tatiana Isabel Moreira, que dera entrada no hospital com 35 semanas de gravidez a justificação do Hospital da Praia foi que a retenção da placenta na parede do útero causou o óbito.
O aparecimento da dengue no ano 2024 foi também marcado por ruptura de alguns medicamentos, no mercado nacional, entre eles o paracetamol e vitamina C, contraste para realização de Tomografia Axial Computorizada (TAC), entre outros medicamentos reclamados pelos cabo-verdianos.
Em 2024 os últimos dados do Comité de Coordenação de Combate à SIDA (CCS-SIDA), indicaram que do horizonte de 4.995 pessoas a viver com VIH/Sida em Cabo Verde 3.072 estão em tratamento antirretroviral, com uma prevalência de 2,3% nas pessoas com deficiência.
A CCS-SIDA revelou também que, dados do último inquérito biocomportamental, indicaram que em cada 100 pessoas que consomem drogas em Cabo Verde, três vivem com VIH.
No que se refere a doenças relacionadas à insuficiência renal, os especialistas garantem haver “aumento considerável de doentes” e com maior incidência nos jovens, tanto no Hospital Universitário Agostinho Neto com 144 casos, como no Hospital Baptista de Sousa, no Mindelo, com 113.
PC/ZS
Inforpress/Fim
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