Santo Antão: Casal denuncia “situação caótica” de saúde pública em Ladeira

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Santo Antão: Casal denuncia “situação caótica” de saúde pública em Ladeira
27/12/24 - 08:51 pm

Ribeira Grande, 27 Dez (Inforpress) – Um casal denunciou hoje a “situação alarmante” de saúde pública na localidade de Ladeira, na Ribeira Grande, que se arrasta há quase dois anos.

Segundo relataram à Inforpress, um jovem com perturbações mentais tem causado graves transtornos aos vizinhos, retirando lixo dos contentores, acumulando-o em sua casa e ateando fogo ao material.

Manuel do Rosário, um dos vizinhos afectados, relatou que o jovem, seu vizinho, passa os dias a recolher lixo dos contentores e acumula-os em sua residência. Para agravar a situação, o jovem também faz as suas necessidades fisiológicas no interior da casa, o que provoca um cheiro insuportável nas habitações vizinhas.

“O odor que emana da casa dele é nauseabundo. Ele ainda traz outros indivíduos com problemas mentais, o que torna tudo ainda mais complicado”, afirmou.

Apesar das diversas tentativas para resolver o problema, Manuel do Rosario afirmou que nada mudou até o momento, pois segundo a mesma fonte, já procurou ajuda junto da Câmara Municipal, da Delegacia de Saúde e até da Polícia, mas não houve qualquer resposta eficaz.

“A situação só se agrava, principalmente devido ao risco de doenças, como a dengue. A casa deste jovem transformou-se num verdadeiro viveiro de mosquitos e outros insetos, que acabam por invadir as nossas casas”, contou.

Manuel do Rosário acrescentou ainda que se sente prisioneiro em sua própria residência, pois não pode abrir janelas ou portas sem que o cheiro insuportável entre na sua casa.

O desespero aumentou ainda mais quando a esposa de Manuel do Rosario, Vicência Faial, relatou que o jovem ateou fogo em sua casa, e acabou por atingir uma das janelas da residência do casal.

“Chamamos os bombeiros, que conseguiram apagar o incêndio, mas a situação continua. Todos os dias ele retira comida e não só dos contentores e leva-a para sua casa, além de fazer as suas necessidades ali. O mau cheiro invade a nossa casa também”, explicou.

Para além dos graves problemas de higiene e saúde, o comportamento agressivo do jovem tem gerado ainda mais preocupação.

“Ele está cada vez mais violento. Recentemente, atacou um turista e agrediu uma criança”, contou.

Vicência Faial também relatou que foi agredida pelo jovem. “Ele deu-me uma bofetada quando o chamei a atenção por fazer xixi no caminho entre o corredor e a escada da minha casa”, revelou.

“Já não sabemos a quem recorrer. Este rapaz vive sozinho, o pai está preso e a mãe é ausente, o que só agrava a situação. Ele está cada vez mais agressivo e tem cometido muitos actos de vandalismo”, concluiu, pedindo uma intervenção urgente das autoridades.

Contactada pela Inforpress, a delegada de Saúde da Ribeira Grande, Florentina Lima, informou que está ciente da situação e explicou que a Delegacia de Saúde, em parceria com a Câmara Municipal, tem realizado algumas limpezas no local.

Contudo, Florentina Lima salientou que este é um problema complexo que foge ao seu controlo imediato.

“Os nossos agentes de luta antirretroviral, em colaboração com a Câmara Municipal, tem feito a limpeza, não só deste local, mas também de outras casas na zona. No entanto, o problema deste jovem é muito mais complexo”, explicou.

A delegada ainda explicou que o jovem não aceita a sua condição e que, apesar de já ter sido internado, frequentemente foge do hospital.

“Ele tem um historial médico complicado. É um paciente difícil de lidar. Por exemplo, é complicado marcar consultas, pois ele não aceita. Ele está fora da realidade e não reconhece que está doente. Quando isso acontece, não podemos forçar ninguém a aceitar o seu problema, sendo necessário procurar outras soluções”, afirmou.

Florentina Lima sugeriu que seria importante uma maior colaboração entre as instituições responsáveis, como a saúde pública e os serviços sociais, para monitorizar a situação e coordenar acções que possam resolver o problema.

“Espero que, com a nova equipa da Câmara Municipal, as questões sociais possam ser tratadas de forma mais eficaz. A Câmara Municipal tem de colaborar neste aspecto, pois é algo que exige a sua atenção”, pontuou.

LFS/JMV

Inforpress/Fim

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