Cidade da Praia, 20 Dez (Inforpress) – O estudo da Afrosondagem sobre a migração revelou que a maioria dos cabo-verdianos (64 %) pensa em emigrar, e apontam como razão principal a procura de emprego.
Os dados deste estudo foram avançados à imprensa no âmbito do 10º inquérito da Afrobarometer/Afrosondagem sobre a qualidade da democracia e da governação em Cabo Verde.
Conforme avançou o director geral da Afrosondagem, José Semedo, se em 2017, período anterior à crise provocada pela pandemia da COVID-19, cerca de 57% dos cabo-verdianos manifestaram o desejo de emigrar, em 2024 este número aumentou para 64%.
O estudo realizado entre os meses de Agosto e Setembro deste ano revelou ainda que diminuiu a proporção daqueles que disseram que nunca iriam emigrar, passando de 46% para 30%.
A razão principal que leva os cabo-verdianos a quererem emigrar, realçou José Semedo, é sobretudo a procura de emprego.
“Também temos dados interessantes que têm a ver com a população jovem. Cerca de 76% dos jovens ponderam emigrar, e também essa saga de emigração apanha todas as faixas etárias, mas também apanha pessoas de todos os níveis de educação” disse.
Mostrou que cerca de 76% de pessoas com nível secundário dizem que de alguma forma pretendem emigrar, sendo que 65% pessoas com nível superior também manifestaram intenção de sair do país.
“Há um outro aspecto interessante a destacar. No conjunto de 24 países africanos nós fizemos essas questões, e Cabo Verde surge na terceira posição, ou seja, é o terceiro país com a maior proporção de cidadãos que dizem, de alguma forma ou muito pretendem emigrar”, sublinhou.
E os países tradicionais de emigração são os europeus, nomeadamente, Portugal, França, Espanha, Suíça e Luxemburgo, com cerca de 60%, seguidos dos Estados Unidos 28%.
Relativamente à imigração, os cabo-verdianos ao serem questionados se o país deve acolher o mesmo número de imigrantes que vêm procurar o país para trabalhar, as opiniões se dividem, segundo a Afrosondagem.
Ou seja, cerca de 34% afirmaram que o arquipélago deve ter menos imigrantes à procura de emprego, contra 25% que dizem que deve ter mais, e 16% que consideram que deve ter o mesmo número.
“Nós somos um país com propensão para a emigração, mas também, de certa forma, nós temos algum receio em receber os imigrantes”, explicou.
Sobre a emigração dos jovens nos últimos dois anos 27% considera que houve uma emigração em massa e a maioria, cerca de 67%, considera que a saída por parte dos jovens é benéfica para os países da Europa e dos Estados Unidos.
O estudo abrangeu 1.200 indivíduos nas ilhas Santiago, Santo Antão, São Vicente e Fogo, que representam mais de 85% da população cabo-verdiana, e tem margem de erro de 3% para um intervalo de confiança de 95%.
ET/JMV
Inforpress/Fim
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