Cidade da Praia, 10 Dez (Inforpress) – A Violência Baseada no Género (VBG) é um fenómeno pouco visível no namoro entre os adolescentes e raramente é identificado se a vítima não denunciar ou procurar apoio junto de entidade responsáveis, disse a colaboradora da ACLCVBG.
Suzi Fortes que fez essas considerações na apresentação, hoje, do projecto “Namora Ku Love” na Escola Secundária Pedro Gomes e que tem como experiência piloto auscultação dos jovens, através de um telemóvel, para que a pessoa escolhida registe toda a ocorrência do seu dia-a-dia.
Segundo a colaboradora da Associação Cabo-verdiana de Luta Contra Violência Baseada no Género (ACLCVBG), a violência na adolescência é muito mais “perversa”, em virtude da posição de maior vulnerabilidade da adolescente, que é indefesa e dispõe de poucos mecanismos de protecção.
Para sabre a verdade sobre a temática, a Inforpress conversou com alguns adolescentes da Escola Secundária Pedro Gomes, que consideraram a VBG, seja de que forma for, como um acto “machista” que pode levar a danos à saúde física e mental, mas que não deve ter lugar na sociedade de geração actual.
Amina Varela (nome fictício), que disse nunca ter vivido situação do género, admite conhecer colegas que passam por esta provação, aconselha os colegas a saberem escolher os seus companheiros para se relacionarem.
“A conversar numa relação deve ser o melhor caminho, mas nós também precisamos de alguém que nos fale sobre o tema em casa e na escola. Penso que o Ministério da Educação deveria incluir no programa educativo temas sobre VBG para que pudéssemos ter melhor conhecimento da causa”, disse.
Sabendo de situações de colegas que passam por este “abuso” Amina Varela disponibilizou-se a ajudar caso necessitem de alguém para confidenciar sobre o que passam quando o namoro é violento.
Já Perola Lisboa (nome fictício), uma jovem que passou por momentos difíceis em termos familiares, isso devido à separação dos pais quando tinha 12 anos, a situação é diferente.
“Passei por momentos difíceis no momento em que mais precisava do amor dos dois, por causa disso vivi com uma tia e acabei de passar por uma gravidez precoce”, contou.
Segundo a jovem, quando um relacionado acontece com base na violência é preciso que seja denunciado e que não seja ocultado.
Para Igor Brava (nome fictício) , nada justifica a violência, nem mesmo o facto de se viver numa sociedade machista.
“A violência seja física ou verbal deve ser denunciada, pois, a mulher não deve submeter-se à vontade do homem e chegar ao ponto de ser violada de diversas formas. A mulher é uma princesa não deve ser maltratada, mas sim amada”, afirmou.
Por este motivo considerou o projecto “Namoro Ku Love” interessante, pois, acredita que “é de pequeno que se torce o pepino”.
“Com este projecto podemos construir homens e mulheres respeitadores e que não se transformem em agressores e assassinos”, concluiu.
Já a colega Marina Vaz (nome fictício) considera a VBG na adolescência “preocupante”, que está a crescer a nível mundial, mas que deve mudar.
Para que o fenómeno mude, acredita que é preciso que as pessoas que sofrem a VBG devem denunciar e não deixarem ser intimidadas.
Em Cabo Verde um estudo sobre violência no namoro no meio académico cabo-verdiano apresentado este ano indicou números que mostram que um em cada quatro estudantes universitários já usou da força física e mais de metade recorreu à violência psicológica sobre o(a) companheiro(a).
“Um em cada quatro estudantes admite que já empurrou ou apertou o/a companheiro/a (27.6% agressores e vítimas), ou seja, usou da força física. Mais de metade dos estudantes afirmaram que já gritaram ou berraram com o seu/sua companheiro (59.9% agressores/as e 56.1% vitimas), o que configura violência psicológica”, cita o documento.
O estudo mostrou ainda que 28,8% dos/das jovens assumiram que insultaram ou rogaram pragas ao/a seu/sua companheiro/a e 26,9% disse ter sido vítima desses comportamentos, enquanto que 31,9 % assumiu que já chamou feio/a e/ou gordo/a ao seu/sua companheiro/a, e 24,5% admite já ter sido vítima desse comportamento.
O projecto “Namoro ku Love” tem uma duração de um ano e é financiado pela Embaixada da Holanda e CV Telecom.
PC/ZS
Inforpress/Fim