Cidade da Praia, 08 Set (Inforpress) – O presidente do MpD e da IDC–África, Ulisses Correia e Silva, afirmou hoje que golpe de Estado não deve ser a forma de aceder ao poder, acrescentado que é preciso “assumir que qualquer poder deve ser limitado”.
Falando aos jornalistas na sequência da conferência “Instabilidade Política do Sahel – casos da Somália, Níger, Burkina Faso e Mali”, realizado na cidade da Praia, no quadro da reunião da Internacional Democrata do Centro África (IDC-África), Ulisses Correia e Silva sublinhou que a instabilidade, os conflitos e os golpes de Estado fragilizam a democracia e fragilizam o quadro de desenvolvimento.
“É bom ouvir as pessoas que têm opiniões e têm vivências e realidades muito concretas relativamente àquilo que está a passar em África e podermos influenciar positivamente em sentido contrário àquilo que tem sido a prática”, disse ao justificar a escolha do tema da conferência.
O presidente do Movimento para a Democracia (poder em Cabo Verde) acrescentou que o seu partido tem encarado com muita preocupação a situação que tem afectado gravemente o continente africano, apresentando uma “leitura clara” de condenação em primeiro lugar, e depois promovendo uma análise profunda.
“Golpe de Estado não é a forma e nem o instrumento de resolver problemas de acesso ao poder”, disse, defendendo também uma análise mais aprofundada do que de ainda as democracias não estarem suficientemente fortes para permitirem outras soluções que não sejam recurso a actos violentos, que acontece quando há golpes de Estado.
“Quando digo democracia, digo eleições livres e transparentes, confiança nos sistemas eleitorais dos países, justiça independente e credível, que possa resolver problemas de conflitos, problemas de direitos quando são colocados em causa, a comunicação social livre e independente que possa permitir com que haja voz plural e pluralistas da sociedade,” disse.
Neste sentido, realçou que para além de condenar é preciso criar as condições para que haja prevenção dos conflitos, apostando numa democracia a funcionar com maior força possível, ter instituições fortes, credíveis e “assumir que qualquer poder é sempre limitado, e deve ser limitado condicionado, controlado e não é absoluto”.
Do encontro Ulisses Correia e Silva espera uma “declaração da Praia” que contribua de forma positiva para que o reforço da democracia seja uma realidade e que essas preocupações que estão a colocar em causa a estabilidade de vários países em África possam ter respostas assertivas.
A conferência sobre instabilidade política no Sahel contou com uma intervenção do vice-presidente do MpD, Luís Filipe Tavares, seguida de uma mesa redonda com apresentações de Abshir Ferro, presidente do AFP de Somália, do professor Abdi Abdiwahab, do presidente da CPD de Burkina Faso, Eddie Komboigo e presidente da RNDT do Tchad, Albert Pahim.
A reunião da IDC- África, sob presidência do Movimento para a Democracia (MpD) tem a duração de dois dias e conta com a participação de mais de 50 participantes, entre líderes políticos, académicos e outras personalidades de 15 países.
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