Cidade da Praia, 27 Abr (Inforpress) – O presidente da União Cabo-verdiana Independente Democrática (UCID), João Santos Luís, exigiu hoje que o seu partido seja integrado no processo de eleição dos órgãos externos ao Parlamento em curso.
João Santos Luís, que falava aos jornalistas à saída de um encontro com presidente do Movimento para a Democracia (MpD), Ulisses Correia e Silva, que é também primeiro-ministro, afirmou que a UCID, que desde 2006 tem assento no Parlamento, tem sido “ignorada” em diversos aspectos, apesar de sempre estar aberta a colaborar.
“O partido tem sido ignorado relativamente à composição dos órgãos externos à Assembleia Nacional, ao recenseamento no estrangeiro, relativamente à composição dos parlamentares que fiscalizam o Sistema de Informação da República (SIR). Portanto, nós não temos sido nem tido e nem achado nessas matérias. Fomos claros com o primeiro-ministro”, disse.
Da parte de Ulisses Correia e Silva disse que recebeu a promessa de que esforços vão ser efectuados para que a UCID seja integrada no processo, até porque, salientou, “o partido faz parte do sistema democrático e não há democracia sem partidos políticos”.
“São os partidos políticos que compõem a democracia e, portanto, dois não é plural. Plural é a partir de três e nós já exigimos ao senhor PM que coloque a UCID no sistema de decisão porque somos o partido político e queremos dar a nossa contribuição para o fortalecimento e consolidação da nossa democracia”, sustentou.
O presidente da UCID disse que durante reunião, que contou com a presença do líder da bancada parlamentar do MpD, João Gomes, este confidenciou-o que o processo para eleição dos órgãos externos ao Parlamento iniciado, e já com audição de alguns dos nomes consensualizados entre o MpD e do PAICV, já foi suspensa.
“Todo o processo que se iniciou está suspenso e depois irão efectivamente trabalhar um outro processo porque esse processo já foi cancelado. Nós não sabemos o porquê, estamos convictos que brevemente irá desembocar um novo processo para eleição dos órgãos externos ao Parlamento, segundo o líder parlamentar do MpD”, indicou.
Uma informação, entretanto, que não foi de todo confirmada por uma fonte do MpD, contactada pela Inforpress, que indicou que o assunto deve ser discutido esta quinta-feira, 28, no Parlamento.
O encontro realizado hoje com a UCID, segundo o líder do MpD e primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, aconteceu no quadro dos encontros regulares com partidos políticos e à semelhança do que foi realizado com o PAICV, na semana passada.
“Portanto é um quadro permanente e regular de conversações. Nós estivemos a conversar com a trocar impressões sobre os impactos da recente crise provocada pela guerra na Ucrânia, na economia e sociedade cabo-verdiana. Conversamos sobre a necessidade da criação de um quadro de consenso relativamente a matérias parlamentares que exigem maiorias qualificadas”, disse.
Ulisses Correia e Silva indicou que as reuniões que se quer institucionalizadas serão realizadas trimestralmente, mas adiantou que sempre que houver a necessidade de encontros extraordinários o MpD e o Governo estarão disponíveis para o efeito.
Instado a comentar as reacções do presidente da Assembleia Nacional, na sequência do encontro realizado com o PAICV e do anúncio do consenso à volta da eleição dos órgãos externos ao Parlamento, Ulisses Correia e Silva disse não ver “nenhuma contradição”.
“Os partidos políticos estão representados no Parlamento. Os deputados são reflexos daquilo que saem das eleições legislativas. A primeira responsabilidade de procura de consensos é dos partidos, nomeadamente das lideranças. É claro que o processo depois toma forma e se concretiza a nível do Parlamento”, sustentou.
“Portanto aqui não há nenhuma contradição. É dever do presidente do partido criar todas as condições com os outros presidentes dos partidos para que possamos ter entendimento e consensos”, acrescentou.
MJB/JMV
Inforpress/fim
