Cidade da Praia, 23 Mar (Inforpress) – O deputado da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), João Santos Luís, disse hoje que há projectos de cidadãos nacionais, na ilha do Sal, que estão a correr risco de perder financiamento devido à falta de apoio institucional.
Numa declaração política esta manhã no parlamento, João Santos Luís denunciou a falta de interesse ou de descaso dos poderes instituídos em dar sequer um sinal no sentido de se desenharem soluções para questões “importantes” que impedem o alcance dos objectivos, que melhorem a qualidade de vida da população da ilha do Sal.
O deputado da UCID (oposição) apontou alguns projectos de várias áreas que não têm sido implementados devido àquilo que considera “manobras dilatórias” por parte do Governo.
“Estamos a falar fundamentalmente de excessivas burocracias que impedem a expansão e modernização da extração do Sal. Convêm salientar que existem estudos que qualificam o sal extraído nesta ilha como melhor de toda zona geográfica onde o país está inserido”, frisou.
“A esses empresários lhes devem ser garantidas segurança jurídica e institucional das operações de extração do sal por forma a conseguir aumentar os seus volumes de negócios e consequentemente poderem gerar mais riqueza, mais postos de trabalho, mais impostos a favor do Estado. Ao invés disso, constata-se uma má vontade política e, por outro lado, um puxar de interesse de pequenos lucros ligados ao sistema que tudo tem tentado fazer para promoverem outros interesses”, afirmou.
João Santos Luís falou igualmente de projectos na ilha do Sal ligados ao sector da aviação civil, pesca industrial e energia renovável que não conseguem sair do papel por falta de apoio institucional do Governo.
“Tratando-se de projectos de cidadãos nacionais com financiamentos garantidos em parceria com instituições estrangeiras não existem razões plausíveis para manobras dilatórias por parte do Governo que promovam o atraso na implementação dos referidos e até perdas de eventuais financiamentos”, vincou.
João Santos Luís lembrou que a ilha tem condições para exploração agrícola, nomeadamente na zona de Terra Boa e apontou igualmente que também nesta área há projectos de privados nacionais com financiamento de parceiros internacionais garantidos que não conseguem arrancar.
“Mais uma vez corre-se o risco de perda desses financiamentos por falta de vontade política e apoio do Governo que não decide atempadamente em liberar a água que existe no local para que os referidos projectos sejam uma realidade”.
Por outro lado, lembrou que o Governo colocou à disposição de pequenos produtores agrícolas uma verba de 300 mil contos em que os referidos promotores podem ter acesso ao financiamento para avançarem com a implementação dos seus projectos.
No entanto salientou que é o próprio Governo que não atribui os títulos de propriedade agrícolas para que os interessados possam reunir os requisitos principais de acesso ao crédito.
“A UCID desafia as autoridades a desenharem políticas urgentes e que encontrem soluções adequadas para essas temáticas da ilha do Sal que podem concorrer para um melhor desenvolvimento da ilha”, instou o líder da UCID.
A declaração política da UCID despoletou um debate sobre a situação sócio-económica na ilha do Sal em que a questão do aumento do custo de vida, da habitação e as condições de estradas estiveram em destaque.
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