***Por Lucilene Fernandes Salomão, da Agência de Notícias Inforpress***
Penedo de Janela, Paul, 12 Set (Inforpress) – Jennyfer Lopes, 29 anos, alimenta o sonho da casa própria para morar com a mãe, de 71 anos, e com a filha, para mudar a situação frágil que já atinge a terceira geração de mulheres da sua família.
A história desta jovem da comunidade de Penedo de Janela, que mora numa casa alugada coberta de palha e sem casa de banho, tal como constatou a reportagem da Inforpress, coincide com a de muitas mulheres do concelho do Paul.
Estas que, mesmo sem meios, vivem na expectativa de adquirirem uma habitação condigna engrossam o número de situações habitacionais precárias e comprovam os dados do Censo 2020 do Instituto Nacional de Estatística (INE) que indicam que as mulheres (chefes de família, viúvas, idosas, divorciadas ou separadas, com deficiências e vítimas de violência baseada no género), enfrentam mais dificuldades no acesso à habitação.
Jennyfer Lopes relatou à Inforpress que há mais de um ano foi obrigada a demolir a casa onde vivia com a família, e que era da sua mãe, para evitar risco de vida, porque a casa “estava em ruínas e as condições de higiene e habitabilidade eram precárias”.
Juntou algum dinheiro, com a ajuda do namorado e de terceiros que lhe ofereceram materiais, e ergueu uma habitação tosca e sem cobertura. Mas desde essa altura, acrescentou, não conseguiu terminar o projecto.
“Dependemos muitas vezes da boa vontade dos nossos vizinhos para fazermos as nossas necessidades fisiológicas. Por várias vezes já tentamos pedir apoio à Câmara Municipal do Paul, mas a única resposta que temos é para aguardarmos”, disse.
Cansada de esperar e com a filha prestes a tornar-se adolescente, Jennyfer Lopes, lançou mais um apelo para poder concluir o seu projecto e evitar que a menina continue a depender de favores para fazer as necessidades.
“Eu morei na casa da minha mãe que não tinha condições e foi demolida e a minha filha já herdou esta dificuldade. Temo por ela porque já está grandinha e não quero que esta dificuldade permaneça”, pediu Jennyfer Lopes para quem esta é uma situação “delicada” que lhe tira “o sono e o sossego”.
O presidente da Câmara Municipal do Paul, António Aleixo Martins, disse à Inforpress que conhece o caso de Jennyfer Lopes mas a falta de habitação é um dos problemas mais preocupantes daquele concelho e um dos principais desafios da autarquia.
Conforme o autarca, “a CMP fez um levantamento de habitações que carecem de intervenções e tem mais de 300 solicitações de apoio à habitação, entre as quais a de Jennyfer Lopes e, lamentou, “a lista continua a aumentar”.
“Tivemos alguns trabalhos a desenrolar, mas agora estão suspensos devido aos atrasos na mobilização de recursos”, salientou António Aleixo, acrescentando que mobilizar recursos dentro do município “é muito difícil devido a atrasos dos cidadãos em pagar os seus impostos”.
Neste aspecto o presidente da CMP aproveitou para chamar “atenção” e a “consciência” de cidadania aos munícipes em cumprir os seus deveres.
“Ser um bom cidadão é saber reclamar, reconhecer os seus direitos mas também os deveres, e pagar imposto é sempre um dever que se deve cumprir”, lembrou, referindo que “se não fosse a ajuda e a parceria do Governo e de organizações não governamentais (ONG) não seria possível minimizar um pouco este problema no município do Paul”.
Só neste ano, adiantou António Aleixo, a câmara municipal já assinou um contrato com o Governo de cerca de nove mil contos para a reabilitação de moradias, mas ainda não recebeu o montante. Mas, ajuntou, se contabilizarem esses valores junto com outros disponibilizados pelos parceiros terão mais de nove mil contos para a habitação social.
“Parece muito, mas se tivermos em conta todas as solicitações desde a beira-mar até o cimo das montanhas, ficamos um pouco limitados naquilo que queremos fazer. A nossa estratégia é melhorar cada vez mais a situação habitacional no nosso município”, afiançou.
Segundo a mesma fonte, a Câmara Municipal do Paul trabalha anualmente com o objectivo de “reabilitar pelo menos 30 casas, mas devido aos constrangimentos que surgem, essa meta nem sempre é atingida”.
“A cada casa é disponibilizado um valor de aproximadamente 300 mil escudos. Mas o orçamento geral para ajudar nas habitações gira à volta de três a quatro mil contos por ano, em apoios directos”, esclareceu lembrando que “há outros tipos de apoios que não são contabilizados como a elaboração dos projectos, de cálculos de estabilidade, materiais inertes que oferecem às pessoas, transporte e assistência técnica”.
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