Suicídio em Cabo Verde está ainda acima da media mundial e africana, apesar de estar a diminuir – associação

Cidade da Praia, 13 Set (Inforpress) – A taxa de suicídio em Cabo Verde está ainda acima da média mundial e africana, com média de 50 actos/ano, representando um caso por semana, conforme avançou o presidente da Associação da Saúde Mental A Ponte.

José António dos Reis falava à imprensa no âmbito do webinar promovido pelo Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) para assinalar o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, celebrado a 10 de Setembro, este ano sob o lema “Criando esperança através da acção”.

Conforme assinalou, muita coisa tem sido feita em matéria de saúde mental, mas, na sua opinião, poderia se fazer muito mais, sobretudo a nível da atenção primária à saúde mental e de intervenção a nível comunitário.

“Se pegarmos os dados de 2010 até 2019 verificamos que houve uma redução na ordem de quase 5 por cento (%). A questão que se coloca é que com o nível que temos se compararmos com o nível da taxa mundial, a taxa de Cabo Verde está acima da média mundial, e também acima da média africana”, observou José António dos Reis.

Com base nos dados de mortalidade compilados até 2020, o presidente da Associação da Saúde Mental A Ponte avançou que em Cabo Verde regista-se 50 actos de suicídio por ano, o que representa um caso por semana, pelo que recomendou que o Pais tem que trabalhar para chegar pelo menos a media mundial, ou à media africana.

Segundo disse, os casos são evitáveis, pelo que é necessário, a seu ver, incorporar dimensões como capacitação quer a nível dos profissionais de saúde, quer a nível da família, da comunidade, e da comunicação social no documento estratégico de prevenção do suicídio, em elaboração, de modo que a informação seja “absorvível pelos destinatários”.

Quanto aos factores de risco afirmou que são múltiplos daí que o suicídio não resulta apenas de uma reacção momentânea, mas sim de um processo que vai desde a causa primária até a sua execução, sendo que a pessoa ao longo desse processo emite vários sinais, que se as pessoas estiverem sensíveis e conhecedores desses sinais poderiam intervir para evitar a situação.

Como factores de risco apontou doenças mentais, como esquizofrenia, depressão, uso de drogas, álcool, as crises de adolescência, questões económicas e de foro judicial, como por exemplo a situação de um indivíduo estar preso.

Entretanto, indicou, também,factores de protecção como o sucesso escolar, a inserção no mercado de trabalho, retirar e agir sobre oferta de droga e do álcool.

Por seu lado, a presidente do INSP, Maria da Luz Lima, afirmou que o suicídio no Pais é uma situação que leva a pensar e a refletir as melhores maneiras de se criar políticas que realmente levam todos a prevenir.

Isto porque, acrescentou, o inquérito realizado em 2020 mostra que 3,3 % da população adulta em Cabo Verde identificou que alguma vez pensou em suicidar-se nos últimos doze meses.

“Esta é uma situação muito preocupante quando nos damos conta que dessas pessoas apenas 22, ou seja, 5 %, procuraram os serviços de saúde”, disse, reforçando que o Ministério da Saúde está neste momento a finalizar a estratégia nacional de prevenção do suicídio, uma problemática que considera nacional e de todos.

ET/AA

Inforpress/Fim

Facebook
Twitter
  • Galeria de Fotos