Cidade da Praia, 20 Mai (Inforpress) – O Presidente da República, José Maria Neves, afirmou hoje que só se consegue a plena descolonização da África quando forem resolvidos os problemas da violência e do racismo, aspectos que têm impedido a realização do sonho da União Africana.
O chefe de Estado cabo-verdiano, que falava na abertura da mesa redonda que marca o início das comemorações do Dia da África, que se assinala a 25 de Maio, recordou que com muita luta a África conseguiu a libertação, mas defendeu uma segunda descolonização do continente pela via da descolonização das mentes.
“Descolonizar as mentes é algo extraordinariamente difícil. É uma relação de troca. Temos de descolonizar as nossas mentes e descolonizar as mentes daqueles que nos colonizaram porque essa relação de troca é ainda extraordinariamente difícil, esse intercâmbio é extraordinariamente desigual ainda hoje, a nosso desfavor”, disse.
José Maria Neves salientou que a União Africana foi criada para realizar essa segunda descolonização, mas salientou que dois pilares têm impedido a concretização desse sonho.
“A violência e o racismo. Só conseguiremos a plena descolonização quando resolvermos o problema do racismo e o problema da violência”, sublinhou.
O Presidente da República de Cabo Verde disse esperar que nos próximos tempos seja possível cumprir a grande missão da União Africana, que contribui para uma África mais forte, mais unida, mais coesa, moderna, próspera, onde todas as africanas e todos os africanos possam viver com dignidade.
“Isso passa efectivamente pela paz, pela estabilidade”, realçou, adiantado que o continente tem as potencialidades para ter desenvolvimento almejado.
Para marcar o início das celebrações do Dia da África e os 60 anos da criação da UA, a Presidência da República em parceria com a embaixada de Angola em Cabo Verde e Plataforma das Comunidades Imigradas realizou na tarde de hoje, no Palácio do Presidente, uma mesa redonda com dois painéis.
O evento contou com a participação do professor catedrático José Octávio Serra Van-Dúnem, que falou da “Paz, a estabilidade e o Desenvolvimento Sustentável em África: o papel de Angola na resolução pacífica dos conflitos” e o especialista em Património Mundial Africano, Charles Akibodé, que falou sobre “Identidade e preservação do património cultural e natural africano”.
O evento foi seguido de um momento cultural com exposição de arte e degustação de pratos típicos africanos, envolvendo as várias comunidades africanas residentes na Praia.
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