Sal Rei, 29 Mar (Inforpress) – O presidente do Sindicato de Indústria Geral, Alimentação, Construção Civil, Serviços, Agricultura e Afins (SIACSA) denunciou hoje que os grevistas do RIU Touareg Karamboa e Palace estão a receber intimidações das entidades empregadoras.
Gilberto Lima fez esta denúncia à margem da manifestação de trabalhadores dos hotéis do RIU Touareg, Karamboa e Palace, que aconteceu hoje na cidade de Sal Rei.
“Antes da manifestação, conforme o mesmo os trabalhadores, foram obrigados a dormir no hotel, permanecer ali, deixando os seus lares para poder dar continuidade ao trabalho logo cedo”, afirmou o sindicalista.
Segundo o presidente do SIACSA, na madrugada de hoje os trabalhadores foram intimidados por superiores hierárquicos que exigiram aos funcionários a presença habitual nos seus postos de trabalho hoje de manhã porque, caso contrário, os seus contratos poderiam ser restringidos.
O sindicalista lamenta estes factos, destacando, entretanto, a adesão de um grande número de trabalhadores à manifestação e o apoio dos colegas que ficaram nos hotéis.
Na visão do sindicalista, a forma como as entidades empregadoras manipulam os trabalhadores, de forma ilegal, faz com que as coisas mudem de figura, e que a população e os hotéis percebam que têm à frente dos recursos humanos responsáveis que não escutam ninguém.
De acordo com o mesmo estão a “matar a democracia, injuriando os trabalhadores, escravizando-os, sem respeitar os seus direitos fundamentais, nomeadamente, o subsídio noturno e de turno e salário digno”.
Gilberto Lima explica que os trabalhadores exigem 4 mil escudos de aumentos salariais sobre o salário base que varia entre os 28, 29 e 30 mil escudos.
Na opinião de Gilberto Lima, é justo a entidade negociar com SIACSA para absorver o contributo para a solução de parte dos problemas que foram apresentados e fazer uma contraproposta para que haja negociação.
“Mas quando fazemos uma proposta e nem se quer tem resposta, isto nos leva de facto a ter uma manifestação de revolta como esta”, disse, frisando que às reivindicações do aumento salarial se acrescentam os problemas do assédio moral, péssimas condições de alimentação e superlotação de viaturas que levam os funcionários para os seus locais de trabalho e sem hora de regresso.
Gilberto Lima classifica estes problemas laborais como aberração, e contou ainda que, há casos de trabalhos forçados como por exemplo mulheres a descarregar cargas pesadas ou arranjar cerca de 30 camas diárias.
Para Gilberto Lima, tudo isto se assemelha ao trabalho escravo, situação que, no seu entender, deve ser combatida com “unhas e dentes”, justificando que nada vale prejudicar os trabalhadores para poder ter lucro na empresa.
O próximo passo, segundo informou Gilberto Lima, caso não se conseguir conversar com a classe empregadora, será a mobilização dos trabalhadores para se conhecer das razões de terem sido mobilizados para ir trabalhar e se foram remunerados para isso.
Para o mesmo, algo terá acontecido, tendo em conta que na segunda-feira, em contato e encontro geral com os trabalhadores, a diretora do Trabalho do grupo hoteleiro considerou que a manifestação era legal e que todos os trabalhadores podem participar, sem qualquer tipo de represália após-greve.
O presidente do SIACSA realçou ainda que pedem o afastamento do director dos Recursos Humanos e que seja substituído por uma pessoa com um rosto mais humano, que seja capaz de dialogar com os sindicatos e lhes dê mais respeito que merecem.
O sindicalista avançou, entretanto, que do hotel ainda não receberam nenhum feedback, afora “conversinhas” de cinco minutos de reunião com cada sector de actividade, tentando “ludibriar trabalhadores e, inclusive, afastando-os dos sindicatos”.
VD/JMV
Inforpress/FIM