Cidade da Praia, 15 Set (Inforpress) – O presidente do Sindicato Nacional Democrático dos Enfermeiros (Sindef) afirmou hoje que a situação laboral actual dos enfermeiros é “preocupante” e cogitou a possibilidade de avançarem para a greve caso as reivindicações não forem atendidas.
José Sanches fez esta denúncia em conferência de imprensa, quando abordava as diversas situações e inquietações no seio da classe dos enfermeiros, tendo referido que o sindicato estava expectante que na sequência dos dois encontros com o Ministério da Saúde, as reivindicações seriam atendidas.
Apontou o não envio das contribuições dos enfermeiros ao INSP como uma “situação deplorável e muito grave” uma vez que, uma classe que presta cuidados de saúde, em primeiro lugar tem de se proteger para poder estar em óptimas condições para o exercício da sua função.
Denunciou a suspensão de subsídios dos enfermeiros dos centros de saúde e postos sanitários desde o passado mês de Agosto, no valor de 20% do salário base, sem nenhum aviso e negociação prévia, violando assim o direito adquirido que a classe já detinha, deixando assim a classe totalmente revoltada.
O sindicalista indicou que os enfermeiros não têm vindo a beneficiar do descanso semanal, o que a seu ver, contraria o dispositivo legal existente nesta matéria, contribuindo assim mais tarde para a degradação da saúde destes profissionais, aliado à falta de enfermeiros que a nível nacional se faz sentir.
Outra questão que tem preocupado o Sindef, prosseguiu José Sanches, tem a ver com a actualização da grelha salarial que deveria ter sido feita em Março de 2018, tendo afirmado que os enfermeiros pertencem à carreira de quadro privativo e, no entanto, auferem o salário de quadro comum, o que não estimula o exercício da função tão exigente e importante que é a enfermagem.
“Para o efeito em termos salariais, o Sindef propõe ao Ministério da Saúde, o aumento do Salário Base do Pessoal de Enfermagem que passasse dos actuais 68.500 para 88.500 e seguintes da proposta avançada ao Ministério da Saúde no mês de Junho do corrente ano, à semelhança do que vem acontecendo com as outras classes do quadro privativo da Administração Pública cabo-verdiana”, apontou.
Defendeu a necessidade urgente da transição dos restantes enfermeiros para a nova carreira que, frisou, ficou condicionada pelo facto de muitos não terem conseguido fazer a formação exigida devido aos constrangimentos que o País, que é arquipelágico, enfrenta de não dispor de universidades em todas as ilhas.
Exigiu o cumprimento da promessa no que se refere a atribuição do subsídio de risco de turno lembrando que a área de saúde foi serviço essencial na linha de frente no combate à pandemia, acrescentando por outro lado a importância da abertura de concurso por forma a permitir que os enfermeiros que foram transitados para a nova carreira sejam promovidos.
Lembrou ainda que os enfermeiros têm um desgaste físico e mental muito elevado dado à condição de trabalho a que estão sujeitos trabalhando 12 horas consecutivas a noite, pelo que considerou que o limite de idade para reforma é muito injusto para com a classe.
De todas as exigências da classe, José Sanches destacou a actualização da grelha salarial, o descanso semanal e da transição dos restantes enfermeiros para a nova carreira como questões urgentes e de que o Sindef não irá abrir mão.
“De realçar que todos estes aspectos foram objecto de acordo em 2018 e, no entanto, até este momento prevalece a situação, pelo que a classe concede ao ministério o prazo, até o final de Setembro, para resolver estas questões, sob pena de enveredarem por outras formas de luta, o que não gostaríamos”, alertou, manifestando, no entanto, total abertura do sindicato na resolução urgente do problema através do diálogo e das negociações.
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