Mindelo, 09 Jun (Inforpress) – Os vereadores da UCID e do PAICV voltaram, hoje, a deliberar sem a presença do presidente da câmara de São Vicente, após este ter abandonado a sessão camarária junto com os autarcas do MpD.
Estas informações foram avançadas à Inforpress pelo vereador da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), Anilton Andrade, que afirmou que, “mais uma vez, as tentativas de entendimento com o presidente”, Augusto Neves, na reunião camarária de hoje, “saíram frustradas”.
Segundo a mesma fonte, o presidente “entrou mudo e saiu calado e negou-se a introduzir pontos na agenda, propostos pelos vereadores da oposição, apesar do regimento permitir”.
“A situação manteve-se inalterável, apesar dele ter garantido que iria tentar um entendimento. Mas ele entrou, não disse absolutamente nada. Presidiu à reunião e limitou-se a passar a palavra aos vereadores e quando começamos a colocar um conjunto de questionamentos ele saiu e nós deliberamos três pontos da agenda”, afirmou, acrescentado que “os três vereadores do MpD também saíram da reunião”.
Segundo o autarca, o parágrafo 5 do Artigo 10º do Regimento da Câmara Municipal de São Vicente diz que “Poderão ser incluídos na ordem de trabalho matérias que se entender serem de natureza urgente e que não constem da proposta, se assim for decidido pela maioria dos membros”.
E foi neste sentido que, explicou, os vereadores da oposição pediram a inclusão na agenda de três pontos que consideraram “essenciais” e que Augusto Neves “não aceitou”.
Anilton Andrade afirmou que ele mesmo passou a presidir à reunião camarária, a pedido dos demais autarcas, após a saída de Augusto Neves e dos vereadores do Movimento para a Democracia (MpD). Isto, ressaltou, com base no 3º parágrafo do artigo 47º do Estatuto dos Municípios.
Sendo assim, o vereador da UCID avançou que “a maioria dos vereadores presentes” aprovou os três pontos que haviam sido por eles propostos.
O primeiro “pedia anulação da decisão unilateral do presidente, Augusto Neves, sobre a recolha de lixo aos fins-de-semana, que, como ele disse, atribui à uma empresa privada em nome individual”, o segundo “a aprovação da proposta de mudança da tarifa de táxi apresentada pela Associação de Taxistas de São Vicente” e o terceiro aprovaram abrir as reuniões da câmara municipal para a participação do público à luz do ponto 1 do Artigo 7º do regimento da CMSV aprovado no Boletim Oficial e que versa sobre a “Intervenção do Público”.
O mesmo lembrou que o ponto 1 do Artigo 7º indica que “As reuniões da câmara poderão ser abertas ao público sempre que a ordem do dia o justificar e assim for deliberado pela maioria dos seus membros, o que deverá ser feito na sessão anterior”.
Segundo Anilton Andrade, esta atitude do presidente, Augusto Neves, apesar de tanto anúncio que fez de que hoje seria diferente e as atenções estavam voltadas para a CMSV, não disse palavra alguma.
Mas na sua opinião esta atitude “é uma manobra por parte do presidente que tem tudo nas mãos para criar entendimento e não prejudicar a ilha”.
A Inforpress contactou, por via telefónica, o presidente da CMSV, mas sem sucesso.
Augusto Neves, candidato do MpD, foi reeleito presidente da Câmara Municipal de São Vicente no dia 25 de Outubro de 2020, com 11.126 dos votos expressos, mas não conseguiu manter a maioria absoluta que trazia do mandato anterior.
Porém, o resultado dessas eleições ditou uma câmara pluralista, sendo que o MpD elegeu quatro vereadores para o executivo camarário, a UCID três e o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) dois, totalizando os nove autarcas possíveis de serem eleitos no município, tal como indica o Estatuto dos Municípios.
CD/ZS
Inforpress/Fim