Mindelo, 15 Nov (Inforpress)- Os sindicatos de São Vicente mostraram-se hoje preocupados com o aumento do IVA, previsto no Orçamento do Estado 2022, com a perda de poder compra e com a falta de atualização salarial, no encontro com o Presidente da República.
Segundo reportou o porta-voz dos dirigentes sindicais à saída do encontro, Tomás de Aquino, o Orçamento do Estado para o próximo ano vai ser discutido “num contexto difícil”, mas a visão partilhada entre os sindicatos e o Presidente da República, José Maria Neves, é que “o peso e os sacrifícios devem ser divididos para todos e não apenas para os trabalhadores”.
“Mostramos a preocupação dos sindicatos e dos trabalhadores que não têm tido actualização salarial desde 2011, excepto a actualização feita em 2019 a um grupo muito reduzido dos trabalhadores da administração pública, com o aumento dos preços ultimamente no mercado, a perspetiva do aumento do IVA, a situação do poder de compra dos cabo-verdianos que está a degradar-se”, explicou.
Segundo Tomás de Aquino, além do Orçamento do Estado, foram colocadas preocupações relativamente ao diálogo social que se faz em Cabo Verde.
É que, revelou, faz muito diálogo social, o Conselho de Concertação Social funciona, os consensos saídos de lá são esquecidos e outros dificilmente são colocados na prática a menos que, clarificou, os sindicatos voltem a lutar para fazer cumprir os acordos e consensos conseguidos.
Neste particular, citou, como exemplo, a “redução da idade de reforma dos marítimos que ainda não foi materializada” e ainda a reivindicação dos “trabalhadores de segurança privada sobre o cumprimento do Preço Indicativo de Referência para estabelecer a tabela salarial, cuja classe continua à espera”.
Conforme o sindicalista, outro assunto que foi abordado tem que ver com a requisição civil, recurso usado “sistematicamente” pelo Governo para “anular a luta dos trabalhadores, durante a greve”, quando há outro mecanismo que poderia ser usado.
“O Governo e os parceiros sociais têm à sua disposição uma comissão tripartida, cuja criação está prevista no Código Laboral, para gerir os conflitos de definição dos serviços mínimos durante o período das greves. Mas, em vez de recorrer a este instituto, recorre à requisição civil para anular as greves dos trabalhadores”, criticou, lembrando ainda que falaram também sobre a situação dos “polícias que são castigados pelo Ministério da Administração Interna por terem exercido o direito à greve”.
Segundo Tomás de Aquino, o Presidente da República mostrou “muita abertura, ouviu com muita atenção as preocupações colocadas pelos dirigentes sindicais e mostrou que vai estar muito atento e aberto para recebê-los em São Vicente, no quadro da iniciativa Presidência nas Ilhas, para acompanhar as questões e dar atenção aos problemas”.
Hoje, além de reunir-se com os dirigentes sindicais de São Vicente e de estar na Câmara de Comércio do Barlavento, o PR reuniu-se com o reitor da Universidade do Mindelo, encontro esse precedido de outra reunião com a reitora da Universidade Técnica do Atlântico (UTA) e de visitas aos laboratórios de Biologia e de Electrotécnica e ao simulador de máquinas marítimas do Instituto Superior de Engenharias e Ciências do Mar (Isecmar).
Ainda em São Vicente, encontrou-se com três ex-candidatos nas eleições presidenciais de 17 de Outubro, Gilson Alves, Fernando Delgado e Joaquim Jaime Monteiro para um almoço, que teve peixe na ementa.
CD/JMV
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