São Vicente: Director do CCM acredita que Alex da Silva alcançou nas artes plásticas dimensão igual à Cesária Évora

Mindelo, 21 Mar (Inforpress) – O director do Centro Cultural do Mindelo (CCM) considerou hoje, no Mindelo, que o falecido artista plástico Alex da Silva alcançou dimensão igual à Cesária Évora e afigurando-se como um “marco” do “pensamento plástico”.

António Tavares justificou assim a decisão do centro de retomar o Micadinaia Fest, iniciado a partir de hoje, e com a edição de 2023 a prestar tributo ao Alex da Silva com a temática “Xand na Cidade”, nominho que o artista era chamado pelos amigos.

“Ainda não chegamos aonde Alex da Silva levou-nos, ainda não temos escolas de belas artes e não sabemos o que isso significa, mas, na realidade, ele [o Alex] subiu a tal ordem tal qual Cesária Évora fez na música”, considerou a mesma fonte, respondendo á pergunta colocada pela Inforpress sobre a falta que o artista falecido em 2019 ainda faz a Cabo Verde.

Para o responsável do CCM, Xand era um dos artistas mais internacionais do País, tendo percorrido quase todos os continentes com os seus trabalhos, transformando-se num “marco” naquilo que se pode descrever como “pensamento plástico”.

O Micadinaia Fest, que marca o início de mais uma temporada do CCM, foi inaugurado na final da tarde de hoje com a exposição intitulada “Terra Incógnita”, que resultou de uma colaboração única entre o pintor Alex da Silva e o fotógrafo indiano de belas artes Binu Bhaskar, através de uma residência artística na galeria Mojo em Dubai.

O centro acolhe ainda uma mostra do processo criativo da escultura ‘Clave’ do falecido artista cabo-verdiano, encomendado por entidades holandesas, onde Alex estudou, e que marcou os 150 anos da abolição da escravatura.

“Queremos valorizar um artista dessa dimensão numa cidade como Mindelo. Uma cidade com um artista dessa dimensão é uma cidade de homens de valor”, sustentou António Tavares, para quem isto mostra o quanto Alex significou para Cabo Verde, como também para o exterior.

Já a Galeria Zero Point Art, galeria criada por Alex, recebe em simultâneo, uma exposição à volta da sua memória, “Universo de Alex da Silva, e ainda um vídeo-instalação, no qual pensadores, activistas, ambientalistas, cinéfilos e amigos contam um pouco da sua relação com o artista.

Todas as exposições estarão patentes até 30 de Abril, mês também de nascimento do artista (16 de Abril de 1974).
Da programação do Micadinaia Fest constam ainda momentos musicais com o DJ Rudy Soares e com Trio Milanka, que, assim como as outras actividades, tem entrada livre, segundo a organização.

Alex da Silva faleceu aos 45 anos, a 30 de Dezembro de 2019, quando estava a jogar basquetebol com os amigos, se sentiu mal e foi levado ao Hospital Baptista de Sousa, em São Vicente, onde viria a falecer.

O artista plástico, que nasceu em Luanda, Angola, era filho de pais cabo-verdianos e chegou a Cabo Verde ainda bebé em 1975, altura da independência nacional.

Cresceu na zona de Alto Mira-Mar e voltou a sair de Cabo Verde para fazer estudos superiores, primeiro Biologia Marítima, depois arquitectura e em seguida o curso de mestrado em Belas Artes e Crítica na Holanda, este último que ditou a sua vida artística e profissional.

Depois de regressar a São Vicente fundou a Galeria Zero Point Art como forma de “mostrar e retribuir o seu amor para a ilha”, tal como ele mesmo dissera à imprensa.

LN/JMV
Inforpress/Fim

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