São Vicente: Delegada do ME acusa Sindep de querer “ofuscar brilho” do arranque do ano lectivo (c/áudio)

Mindelo, 22 Set (Inforpress) – A delegada do Ministério da Educação, em São Vicente, negou hoje as alegadas perseguições a professores denunciadas pelo Sindep e acusou o sindicato de tentar ofuscar o brilho do trabalho feito para o arranque do ano lectivo.

Maria Helena Andrade falava à imprensa em reacção às declarações do presidente do Sindicato Nacional dos Professores (Sindep), Jorge Cardoso, que disse ter constatado que os professores da ilha estão a enfrentar problemas que têm a ver com a “mobilidade, com a distribuição dos horários, transferências e perseguições perpetrados pela delegação do Ministério da Educação”.

“Gostaria que o senhor presidente do Sindep apresentasse factos concretos e dissesse realmente o que é que se está a passar porque, do meu conhecimento, não há nenhum caso de ameaça, de perseguição e nem de represálias porque não faz parte da nossa forma de trabalhar”, garantiu a delegada.

Segundo Maria Helena Andrade o ano lectivo começou “muito bem, com serenidade e confiança em São Vicente”. Por isso, considerou que há uma tentativa do líder do Sindep de ofuscar o brilho de todo o trabalho feito, para que o ano lectivo começasse bem e decorra dentro da normalidade”.

A responsável garantiu que trabalha com uma “liderança positiva” e faz uma “gestão próxima dos professores”, mas, explicou que algumas decisões, como a mobilidade, fazem parte da gestão dos recursos humanos.

“Nós também trabalhamos tendo em conta o humanismo, mas nem sempre é possível agradar a todos e ir de acordo com os interesses de todos. A mobilidade é legal, faz parte do estatuto do pessoal da administração pública e, como funcionários públicos, nós podemos ser alvos de mobilidade desde que não fiquemos longe do nosso local de residência e que não seja nada que nos prejudique”, esclareceu.

Conforme Maria Helena Andrade os professores “são quadros do Ministério da Educação e não de uma escola em particular” e justificou que, neste ano, “houve casos de excedentes de professores numa escola e estes foram aproveitados” em outra escola.

“Não é justo deixar o professor que está sem carga horária dentro de uma biblioteca ou num outro serviço sem atribuições específicas quando ele tem capacidade física, emocional e de saúde para estar numa escola. Porque o Estado somos todos nós e temos de trabalhar tendo em conta uma boa gestão dos recursos humanos e financeiros disponíveis”, adiantou a mesma fonte reforçando que “não há nenhum professor que foi tirado de uma escola com mais de 20 anos”.

Também garantiu que não há aumento dos processos disciplinares, como avançou o presidente do Sindep, realçando que tais processos são prerrogativas previstas na lei dadas ao delegado caso o professor não tenha cumprido os seus deveres.

“Há uma averiguação e o processo disciplinar é também uma oportunidade para o próprio funcionário apresentar a sua defesa. Não há nenhuma ilegalidade em relação a isso”, defendeu Maria Helena Andrade, que também “não vê quaisquer irregularidades no facto de os professores estarem a receber formações online neste momento em que decorrem as aulas”.

A delegada do Ministério da Educação em São Vicente pediu ao presidente do Sindep “ponderação e mais responsabilidade nas suas declarações” e lembrou que “não é a delegação quem faz transferências e nem dá licenças sem vencimento, mas sim os serviços centrais”.

A mesma criticou o facto de o líder do Sindep ter reconhecido que não teve tempo para se reunir com a delegação Ministério da Educação em São Vicente.

“Se é tão grave assim a situação desumana dos professores, a primeira coisa que ele deveria ter feito era chegar à delegação e apresentar os factos”, sugeriu afirmando que “os sindicatos são parceiros da delegação que está de coração aberto” para trabalharem juntos.

Sobre as turmas superlotadas, que também foram alvo de denúncias do Sindep, Maria Helena Andrade reconheceu a existência de turmas do 7º e do 8º ano na Escola Secundária Jorge Barbosa com mais de 30 alunos.

Uma situação que, explicou, acontece porque “a escola, devido à localização geográfica, é muito procurada e agrega alunos de várias localidades do concelho”.

“O que é que nós vamos fazer com esses alunos? A melhor opção seria deixá-los fora da escola. E onde estaria a inclusão e o direito do aluno de ter educação, de socialização e de aquisição de conhecimentos científicos”, questionou instando o presidente do Sindep a apresentar soluções para este caso.

Maria Helena Andrade assegurou que, também nessa escola, “todas as condições sanitárias estão garantidas e que vão continuar a cumprir todas as normas emanadas pelos serviços de saúde para que tudo decorra dentro da normalidade”.

 

CD/HF

Inforpress/Fim

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