Mindelo, 04 Abr (Inforpress) – A comissão organizadora da comemoração do centenário do Liceu Nacional de Cabo Verde quer que os outros concelhos do país se envolvam nas actividades comemorativas, tendo em conta o “legado histórico e intelectual” produzido pela instituição.
O apelo foi lançado hoje, em conferência de imprensa, no Mindelo, pelo porta-voz da comissão, Amiro Faria, que enalteceu o papel do Liceu Nacional no desenvolvimento cultural, não só da ilha de São Vicente como também de todo o país e das ex-colónias.
Segundo a mesma fonte, foi através do Liceu Nacional, fundado a 19 de Novembro de 1917, que se deu a formação aos “importantes movimentos literários” nacionais como o Movimento Claridoso e, posteriormente, o “Certeza”, estando também na base da “formação do sentimento nacionalista” e na “luta de libertação nacional”.
“Com esta comemoração pretende-se reflectir sobre os efeitos positivos do criação do liceu para a sociedade cabo-verdiana”, afirmou Amiro Faria, que considera esta celebração “quase que uma acção de graça” a tudo aquilo que foi o legado deixado pela instituição que, entre 1917, data da sua fundação, até 1960, foi o único liceu existente em Cabo Verde.
É com base nestes factos que a comissão organizadora pretende envolver toda a nação cabo-verdiana à volta da celebração desta “importante data”.
Neste momento, acrescentou, a comissão encontra-se na fase de contactos com outras instituições nos outros concelhos do país no sentido de alargar as actividades a nível nacional.
As actividades comemorativas do 100 º aniversário do Liceu Nacional, previstas para decorrerem entre 15 e 19 do mês de Novembro, estão a ser programadas em “moldes inter-geracionais” e abrangem desde colóquios internacionais, exposições, entrevistas e programas radiofónicos e televisivos, para além de actividades desportivas e culturais.
As actividades centrais que decorrerão no Mindelo serão acolhidas, “em princípio”, nos antigos estabelecimentos onde funcionou o Liceu Nacional, que iniciou as actividades na antiga casa do seu fundador Augusto Vera-Cruz, onde hoje funciona o Centro Nacional de Artesanato e Design, (CNAD), e ainda no antigo Liceu Gil Eanes e no actual Liceu Ludgero Lima.
As actividades deverão envolver os diferentes estabelecimentos de ensino secundários e universitários do país que hoje, considerou Amiro Faria, continuam o esforço iniciado em 1917 no sentido da “valorização integral” da mulher e do homem cabo-verdiano.
A comissão organizadora é constituída por ex-alunos da velha guarda do Liceu Nacional, entre eles o embaixador Luís Fonseca, a engenheira Sónia Morais, Júlio Alves, Jorge Vera-Cruz e o porta-voz Amiro Faria.
Contam ainda com o engajamento e o apoio das entidades oficiais e privadas cabo-verdianas para comemorar o primeiro centenário do Liceu Nacional de forma “mais digna”.
Fundado a 19 de Novembro de 1917 o Liceu Nacional de Cabo Verde, inicialmente denominado Infante Dom Henrique, depois Gil Eanes e a partir da independência nacional de Ludgero Lima, abriu caminho a uma intensa actividade intelectual e cultural que teve uma “importante” repercussão na vida dos cabo-verdianos e na configuração do país que Cabo Verde é hoje.
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Inforpress/ Fim