Mindelo, 19 Jun (Inforpress) – O presidente da Câmara Municipal de São Vicente regozijou-se com a execução do plano de actividades de 2019 em “mais de cem por cento”, mas os dois partidos da oposição classificaram negativamente as contas de gerência.
Os dois documentos estiveram a ser analisados na 11ª sessão ordinária da aassembleia municipal, que decorreu durante dois dias e terminou na tarde de hoje, com o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) e a União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), ambos da oposição, a saírem insatisfeitos.
Mas, o edil Augusto Neves assegurou, em declarações à Imprensa, que a câmara municipal, em 2019, teve uma “boa performance”.
“Nós executamos 109 por cento (%), ultrapassamos aquilo que tínhamos previsto no plano de actividades e orçamento, portanto, nós estamos extremamente satisfeitos com a execução”, disse, adiantando que a percepção dos dois partidos da oposição “não interessa, já que se está em tempo de campanha”.
As contas, segundo a mesma fonte, foram apresentadas e a “câmara cumpriu aquilo que é aprovado, segundo a lei”.
Questionado sobre a diferença à volta de 17% entre a previsão de receitas e aquilo que foi arrecadado, Augusto Neves garantiu que isso depende muito das entradas.
“A receita de capital aumentou, a receita corrente diminuiu um pouquinho, mas ainda assim conseguimos ultrapassar o montante previsto”, lançou o autarca, para quem, isso “não é nada representativo para a câmara se preocupar”, já que previam 1 bilhão e 150 milhões de escudos e conseguiram arrecadar 1 bilhão e 203 milhões de escudos, um “feito inédito”, considerou, na história da edilidade.
O líder da bancada do Movimento para Democracia (MpD, poder), Emanuel Miranda, acredita, por seu lado, que as contas de 2019 foram “bem apresentadas” e o próprio relatório da comissão de avaliação diz isso mesmo.
“Não há nenhuma quebra de procedimentos e com isso a nossa bancada apreciou bastante bem as contas de 2019, com base nas realizações, em que foi o melhor ano desse executivo”, sublinhou Emanuel Miranda.
Entretanto, com uma posição totalmente contraria, o deputado da UCID, Jorge Fonseca, disse o partido, que focou nas “discrepâncias de contas”, inclusive divulgado antes em conferência de imprensa, chegou à plenária com “muitas dúvidas”, que não foram dissipadas por Augusto Neves.
“Ficámos ainda mais confusos, porque ele mistura muito as contas e, como sabe, na contabilidade cada conta fala por si, as contas não se misturam”, sublinhou, referindo a “discrepâncias” como o transporte dos valores de 2018 para 2019, que “não coincidem”.
O PAICV, por seu lado, viu as contas numa perspectiva política e económica e não contabilística, que deverá ficar para o Tribunal de Contas.
“Na nossa perspectiva, os recursos do município não tiveram a melhor aplicação”, considerou o líder da bancada, Baltazar Ramos, que apontou exemplos como as demoras no calcetamento e na recuperação do antigo pique-nique.
“Quando as obras arrastam-se tanto tempo assim, ficam necessariamente mais caras e é desperdício do recurso do município, para além de que podíamos optar por fazer outras obras, que deixam mais falta à São Vicente”, declarou a mesma fonte, para quem também preocupa as “discrepâncias” em alguns itens do documento.
Baltazar Ramos referiu-se desta forma às obras da antiga conservatória, na cidade do Mindelo, a que foram disponibilizados 60 mil contos através de empréstimo bancário e até ao final do ano “só tinham sido usados cerca de quatro mil contos”.
No final da plenária houve espaço ainda para a entrega de um troféu pelo presidente do Festival Internacional de Teatro do Mindelo (Mindelact), João Branco, ao presidente da câmara de São Vicente, Augusto Neves, como “reconhecimento pela parceria”.
LN/CP
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