Mindelo, 14 Jan (Inforpress) – O director comercial da Frescomar, Miguel Pinto, asseverou que até agora não receberam qualquer sinal do Governo quanto a renovação do Acordo de Derrogação das Normas de Origens entre Cabo Verde e a União Europeia.
O responsável, em entrevista à Inforpress, explicou que a empresa já fez o seu trabalho de casa desde Março de 2020, mas até agora não receberam qualquer sinal do executivo, quando o esperam desde 01 de Janeiro último.
“Sugerimos e fizemos o nosso trabalho de casa documentado e apoiado como nos anos anteriores e entregue com tempo suficiente”, considerou a mesma fonte, adiantando que neste momento estão a “trabalhar sobre pressão, algo que não é salutar e nem saudável”.
Miguel Pinto adiantou estar a direcção da empresa preocupada, uma vez que as responsabilidades são “muito grandes” e há vários contratos a serem cumpridos “custe o que custar”.
Ainda a empresa, asseverou, corre o risco de parar caso não tenha o abastecimento de matéria-prima, que neste caso vem da Europa.
Por isso, segundo a mesma fonte, “Cabo Verde precisa repensar o modelo de desenvolvimento, que se quer e que foi colocado a nu pela pandemia” e que coloca em dúvida se “será o turismo a alavanca do futuro”.
O director comercial da Frescomar referiu à urgência de se ultrapassar esse impasse político-económico e de diplomacia e que já foi resolvido por países como Colômbia, Equador, Peru, Seychelles, Maurícias, que tem a questão das pescas como um desígnio.
A questão já foi abordada pela secretária-geral da União Nacional dos Trabalhadores de Cabo Verde – Central Sindical (UNTC-CS), Joaquina Almeida, em conferência de imprensa na semana passada, que alertou para o facto da Frescomar estar em eminência de despedir 800 trabalhadores até ao final deste mês, caso o Acordo de Derrogação das Normas de Origens entre Cabo Verde e a União Europeia não for renovada.
A presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), Janira Hopffer Almada, criticou, por seu lado, hoje, no Mindelo, a falta de planificação e de estratégia do Governo “até para simples renovação de um acordo”.
A Frescomar é uma sociedade anónima cabo-verdiano-espanhola que obteve certificado de empresa franca em Abril de 1997 para se dedicar à prática da transformação do pescado e sua comercialização, tendo a Europa como principal mercado.
Actualmente estão empregados na unidade do Lazareto 1.500 pessoas.
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