Mindelo, 12 Abr (Inforpress) – Os elementos da comissão organizadora do centenário da travessia aérea do atlântico sul enfatizaram hoje, no Mindelo, o papel que a universidade poderá ter na divulgação do feito de Gago Coutinho e Sacadura Cabral.
A comissão organizadora dos 100 anos do acontecimento é coadjuvada pela Força Aérea Portuguesa e a Marinha de Portugal, que em parceria com a Universidade Técnica do Atlântico (UTA), em São Vicente, levaram hoje ao Instituto de Engenharias e Ciências Marinhas (Isecmar) duas palestras sobre o tema.
O representante da Força Aérea Portuguesa, o tenente-general Rafael Martins, ressaltou à imprensa que o feito juntou a “coragem e a determinação” dos dois homens, mas, “essencialmente o saber com a ciência que permite hoje voar por todos os continentes”.
Os mesmos valores, que, segundo a mesma fonte, pretendem ser divulgados pela comissão.
“E a vinda para essa universidade é bem esse exemplo, porque é a universidade que permite desbravar conhecimento e o entregar à sociedade e torná-la um mundo melhor”, sublinhou Rafael Martins, para quem Sacadura Cabral e Gago Coutinho deixaram valores a Portugal e ao mundo.
Daí, ajuntou, a decisão da marinha e força área portuguesas terem congregado neste propósito “para que as próximas gerações se inspirem nessa vontade de superar a natureza mais básica”.
O tenente-general disse acreditar que Cabo Verde teve um “papel extraordinário” no chamado “salto maior” do arquipélago para o Brasil, e que estão perpetuados nos “grandes monumentos” existentes no Mindelo.
O presidente do Isecmar, Henrique Évora, disse, por seu lado, que a UTA, que alberga o instituto, abraçou o projecto primeiramente porque a universidade deverá ter um pólo na ilha do Sal para gerir a aeronáutica.
Por outro via, conforme a mesma fonte, a travessia, que se baseou na ciência e tecnologia, “enquadra-se perfeitamente” na missão da universidade.
“Será certamente objecto de estudo mais aprofundado pelos nossos alunos já que entendemos que mais do que uma aventura foi uma decisão arriscada e apoiada em instrumentos nunca dantes utilizados na navegação aérea”, advogou Henrique Évora.
A travessia, segundo a mesma fonte, veio confirmar a posição geo-estratégica de Cabo Verde entre os três continentes, que está hoje assegurada com a construção do Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, no Sal, e mais outros três, mais recentemente, e ainda fibra oceânica, que têm tido uma “contribuição substancial” para a economia do País.
O representante da Marinha Portuguesa, almirante Edgar Ribeiro, assegurou, por seu lado, que devido à importância desta que foi a primeira travessia aérea do atlântico sul, o centenário foi planeado com um programa desenvolvido em Portugal e internacionalmente.
“E não poderíamos deixar de estender a Cabo Verde que foi um ponto de passagem e aqui, no Mindelo, onde o hidroavião pilotado por Gago Coutinho e Sacadura Cabral esteve parado por alguns dias e se lançou para a rota maior a caminho do Brasil”, considerou.
Edgar Ribeiro ressaltou o facto de a travessia estar, inclusivamente, como património da Unesco, que também se associou ao centenário, ajudando, mas, sobretudo, registando nos seus arquivos e na plataforma de divulgação.
“Nós aprendemos o futuro, vendo sempre o que foi o nosso passado e não deixando cair nunca a memória daqueles que antecederam e que deram contributos significativos para a história da humanidade”, admitiu, com a ideia que os dois aviadores deram um contributo na área da ciência náutica e da navegação.
O Isecmar recebeu hoje duas palestras, a primeira intitulada “O Nascimento da navegação aérea científica”, proferida pelo comandante António Costa Canas, e a segunda designada “1ª viagem aérea do Atlântico Sul – uma missão inesquecível”, proferida pelo tenente-general António Mimoso e Carvalho.
Do programa no Mindelo constam ainda a inauguração de uma exposição itinerante designada “Travessia Aérea do Atlântico Sul” e a oferta de uma placa comemorativa do Centenário da Primeira Travessia Aérea, actividades que decorrerão no Museu do Mar, esta hoje.
A agenda da comemoração do centenário da travessia de Gago Coutinho e Sacadura, que se iniciou em Janeiro último, compõe-se de concertos, seminários, exposições itinerantes, emissão de moedas e já passou por Portugal, agora está em Cabo Verde e de seguida deverá contemplar também Brasil.
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Inforpress/Fim