Nova Sintra, 24 Jun (Inforpress) – A população bravense saiu do festival de Nhô Sandjon ou logo cedo das suas casas em direcção à Escola Materna, na Achada Igreja, para fazer o “cortejo” ao Mastro Nhô Sandjon, como forma de manter viva a tradição da ilha.
Homens no tambor, mulheres a cantar e a colar, orientaram às outras pessoas que com bandejas na cabeça contendo presentes, ou canas na mão, ou bebidas, os seguiram até o Cutelo, onde é vestido o Mastro das festas da bandeira na Brava.
Ao chegarem no local do Mastro, encontraram já lá o “homem do Mastro”, Henrique Pina, o septuagenário que ainda mantém viva a tradição, a preparar as suas vergas para vestir o “Mastro” com as oferendas levadas no cortejo.
Em declarações à Inforpress, Orlando Burgo, presidente da associação Amisandjon, explicou que o cortejo é o trajecto feito para a entrega de presentes ao Mastro, que por sua vez, realçou que representa tudo aquilo que é a ilha Brava.
Pois, mostrou que o Mastro possui a estrutura de uma vela de um navio, recordando que Brava sempre foi conhecida como ilha dos baleeiros, da emigração e muito ligada ao mar.
E neste mesmo Mastro em formato de vela, realçou que os presentes são típicos da Brava, retratando a vivência do homem cabo-verdiano, até porque, salientou que as “canastras” (pães) que são colocadas no Mastro possuem diversos formatos, desde viola, violino, balaio, e outros que representam o dia-a-dia do bravense.
Os presentes, a mesma fonte sublinhou que anteriormente eram oferecidas pela população, mas que esta prática está caindo em desuso, mas mesmo assim, o festeiro prepara os presentes na medida das suas possibilidades e o público vai ajudá-lo neste cortejo fazer a entrega ao “homem do Mastro” para organizá-los e colocá-los no local conforme este achar melhor.
Este Mastro, contém folhas de maracujá, porque o fundo tem de ser totalmente verde, contém cana de açúcar, canastras, garrafas de bebida, bananas, batanca, manga, coco, e tudo que for oferecido.
Ao vestir o Mastro, Henrique Pina coloca guardas no local para que ninguém se atreva a mexer antes das 17:00 que é a hora do “bote”, ou seja onde todos deslocam ao Cutelo para tentar a sorte e levar algum dos presentes para casa, mas também é o horário e o local onde é feita à passagem da bandeira para os festeiros do próximo ano.
MC/CP
Inforpress/Fim