Porto Novo, 12 Mai (Inforpress) – A Associação dos Guias de Turismo de Santo Antão manifestou hoje a sua disponibilidade para trabalhar com o Governo e os municípios santantonenses uma proposta sobre a classificação dos caminhos vicinais desta ilha a Património da Humanidade.
O presidente desta associação, Odair Gomes, a propósito da declaração dos caminhos vicinais do Porto Novo como património cultural municipal, exortou o Governo e os municípios de Santo Antão para “juntos” trabalharem “uma proposta” neste sentido a submeter à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
“A valorização e preservação dos caminhos vicinais (trilhas) é sem dúvida muito importante. Parabenizamos a câmara municipal pela classificação das trilhas pedestres como património municipal. Apelamos aos municípios de Santo Antão e ao Governo para juntos trabalharmos uma proposta para a Unesco para também os classificar como Património da Humanidade”, sublinhou o responsável.
A Assembleia Municipal do Porto Novo, por proposta da edilidade, declarou em 07 de Maio mais de três dezenas de caminhos vicinais como património cultural municipal.
Os operadores turísticos em Santo Antão, já por várias vezes, defenderam a preservação desses percursos e a sua classificação como património da ilha, dada a sua importância histórica, mas também pelo impacto económico que esses itinerários turísticos têm para a região.
Desde os anos 90, com a prática de trekking (caminhadas em trilhas) em Santo Antão por parte de milhares de turistas provenientes de vários países europeus, os caminhos pedestres, construídos durante a era colonial para ligar as diferentes comunidades, passaram a ser “um grande activo” desta ilha do ponto de vista económico, no entender de alguns operadores.
O presidente da Associação dos Guias Profissionais de Turismo de Santo Antão já tinha defendido a necessidade de se proceder à valorização dos caminhos vicinais nesta ilha, “enquanto produto turístico de excelência” desta região.
O Governo pretende, este ano, investir mais de 440 mil contos na reabilitação dos caminhos vicinais nesta ilha, no quadro do Programa Operacional Turístico (POT) em Cabo Verde, financiado pelo Banco Mundial.
Os caminhos vicinais durante muitos anos, na ausência de estradas, desempenharam “uma função social importantíssima”, pois, foi através destes percursos que circulavam as pessoas, se escoavam os produtos, se comunicavam as populações e se recorriam aos serviços para a satisfação das suas necessidades básicas, revela um documento da autarquia porto-novense.
Nos últimos tempos, avançou, estes caminhos vêm sendo utilizados por um leque cada vez maior e crescente de turistas que procuram Porto Novo como destino de visita e de preferência em razão da sua beleza exótica, paisagens inéditas, montanhas íngremes, contraste de seus vales verdejantes e secura das suas planícies, seus trilhos sinuosos”.
O caminho representa para Porto Novo “um património que necessariamente tem natureza cultural e interesse municipal pela sua íntima convergência com a idiossincrasia das suas populações e suas comunidades para garantia da sua memória colectiva, sua identidade, sua história, seus valores, seu engenho e a sua arte”, concluiu o documento.
JM/ZS
Inforpress/Fim