Porto Novo, 18 Out (Inforpress) – Os promotores do projecto “Ribeira das Patas/concelho”, cuja ideia foi lançada em 2015, durante uma mesa redonda sobre o desenvolvimento dessa povoação, continuam a insistir neste propósito de criação de mais um município em Santo Antão.
Um grupo de cidadãos naturais da Ribeira das Patas, no interior do Porto Novo, um dos principais centros populacionais da ilha de Santo Antão, decidiu, em 2015, desencadear uma série de reflexões sobre a criação, em cinco anos, deste município, no quadro do processo de regionalização de Cabo Verde.
Os promotores dessa iniciativa, contactados pela Inforpress, reconhecem que o entusiasmo inicial acabou por “esmorecer”, até porque o processo de regionalização não avançou, mas a ideia de propor a criação de mais um município em Santo Antão, com sede em Ribeira das Patas, mantém-se, tendo sido dados “alguns passos” nesse sentido.
Manuel Ramos, um dos entusiastas dessa ideia, confirma que, de facto, não se desistiu desse propósito, mas que o grupo, que inclui muitos quadros naturais da Ribeira das Patas, prefere, nesta altura, não criar mais expectativas à volta desta questão, que teve pouca receptividade do então Governo.
Aliás, nesses anos, surgiram já duas propostas de divisão do Porto Novo, com 557 quilómetros de superfície, ocupando dois terços da ilha de Santo Antão, em dois municípios, sendo que a primeira surgiu em 2006, quando um fórum sobre Santo André, em Ribeira da Cruz, propôs a elevação dessa freguesia a concelho.
Quase uma década depois, surgiu a ideia de se criar o município da Ribeira das Patas, a qual mantém-se, mas que, segundo os promotores, “está em banho Maria”, nesta altura, à espera de “um ambiente mais propício” para vingar.
Para já, avançou Daniel Cruz, outro entusiasta dessa iniciativa, foram concretizados “dois passos importantes” nesse processo, que foi a criação da vila da Ribeira das Patas, precisamente, em 2015, e da paróquia de São João Paulo II, em 2017, nessa localidade, que foi sede da ilha de Santo Antão, entre 1813 e 1814, conforme reza a história.
Daniel Cruz garante que se continua a trabalhar no sentido de um dia ver Ribeira das Patas elevada à condição de município, processo que, a seu ver, deve passar pelo envolvimento de toda a comunidade.
“Para já, temos uma vila. O nosso propósito é que Ribeira das Patas continue sempre a desenvolver-se”, sublinhou.
Em 2018, num encontro de reflexão sobre a regionalização, promovida pela Assembleia Municipal do Porto Novo, foi levantada a necessidade de criação de mais dois municípios em Santo Antão, como forma de ” reduzir as simetrias regionais”.
Nessa altura, foi defendida a ideia de criação de mais dois municípios em Santo Antão, sendo um no Porto Novo e outro em Ribeira Grande, como forma de, além de reduzir os desequilíbrios existentes com relação a outras regiões do país, ainda travar “o processo acelerado de despovoamento” da ilha, promovendo a economia regional.
Assinala-se a 22 de Outubro, o dia da vila da Ribeira das Patas, data que coincide com o segundo aniversário da Paróquia São João Paulo II, com sede nessa urbe, oportunidade que a comunidade tem aproveitado falar dos desafios que se colocam ao futuro desta povoação.
A construção de um centro de saúde, uma esquadra policial e de um campo de futebol relvado, bem assim a elaboração do tão desejado plano de desenvolvimento urbano dessa vila e investimentos na agricultura são algumas das reivindicações da população local.
O requalificação urbana e alargamento da rede de distribuição de água, além de melhoria habitacional são algumas das intervenções da edilidade portonovense nesta zona, o segundo maior centro populacional do Porto Novo, com três mil habitantes e cuja economia gira à volta da agricultura e do comércio.
JM/ZS
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