Porto Novo, 10 Dez (Inforpress) – A perda da população, que tem atingido Santo Antão, continua no centro das preocupações dos autarcas, que voltam a alertar para a necessidade de se travar este fenómeno, que representa “uma séria ameaça” ao futuro desta ilha.
O presidente da câmara do Porto Novo explica que Santo Antão conheceu, ao longo das duas últimas décadas, com enfoque a partir de 2010″, níveis preocupantes em termos de saída dos jovens santantonenses em direcção a outras ilhas de Cabo Verde.
Para este autarca, há o risco de, se a situação continuar, Santo Antão ter em 2030 menos população do que tinha em 1950, pelo que é necessário, a seu ver, inverter essa tendência.
No entender do edil do Porto Novo, faltam a Santo Antão investimentos que coloquem esta ilha “na senda do desenvolvimento” e que transformem o seu “potencial em factor de competitividade e de oportunidades” para os santantonenses.
Na sua mais recente visita a Santo Antão, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, deputado por esta ilha, referiu-se, também, a este aspecto, acreditando que o turismo, apesar da pandemia de covid-19, continua sendo uma das vias para travar a saída dos jovens desta ilha em direcção a outras regiões do País e à emigração.
Santo Antão perdeu, nos últimos anos, cerca de três mil pessoas e, segundo as projecções, esta ilha poderá ter em 2030 menos habitantes que tinha em 1940.
O Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável (PEDS) de Cabo Verde (2017-2021), prevê que Santo Antão, que tinha, em 1940, 35 mil habitantes, pode, até 2030, dispor apenas de 33 mil pessoas, caso se mantenha este ritmo de despovoamento.
A construção do aeroporto e a segunda fase do porto do Porto Novo são projectos considerados “cruciais” pelos presidentes das câmaras para “estancar a perda da população” de que Santo Antão tem sido alvo, nas últimas duas décadas.
Para Aníbal Fonseca, esses projectos “não podem continuar eternamente adiados”, embora perceba que “a conjuntura actual é existente e difícil”.
“Mas isso não pode mudar as perspectivas” desta ilha, que, a seu ver, precisa do seu aeroporto e de um porto preparado para receber navios de maior porte, dois projectos “determinantes” para a economia da ilha.
Para o Governo, a dinamização do turismo, da agricultura, das pescas e da atracção de investimentos privados pode travar o êxodo dos jovens de Santo Antão.
Porém, nota-se que, com o surgimento da pandemia do novo coronavírus, muitos jovens santantonenses que se tinham deslocado às ilhas do Sal e Boa Vista, têm regressado a Santo Antão, alguns por estarem em regime de suspensão do contrato de trabalho (lay-off) e outros por estarem no desemprego.
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