Porto Novo, 14 Jun (Inforpress) – Os ex-trabalhadores da fábrica de cimento pozolana de Santo Antão (Cabocem) aguardam, há quadro anos, pelos seus salários e indemnizações e dizem estar a perder esperança de, um dia, receber o seu dinheiro, num montante de cinco mil contos.
Essa fabrica, que fica em Fundão, no Porto Novo, foi encerrada em Junho de 2013 e, passados quatros anos, os cerca de duas dezenas de operários não viram a ainda “a cor” dos salários e indemnizações a que têm direito, segundo a decisão judicial.
Alguns desses operários, contactados pela Inforpress, manifestaram-se “desanimados” com essa situação, lamentando que, quatro anos depois do fecho dessa cimenteira, estejam ainda à espera do seu dinheiro.
O Sindicato Livre dos Trabalhadores de Santo Antão (LSTSA) confirmou que a situação dos ex-trabalhadores da Cabocem “continua na mesma”, ou seja, permanecem sem receber os seus proventos, alertando para a “situação difícil” por que passam esses chefes de família.
O secretário não-permanente do SLTSA, Carlos Bartolomeu, lembrou que o Tribunal Judicial da Comarca do Porto Novo mandou, em 2015, penhorar alguns bens dessa fábrica para salvaguardar os salários e indemnizações dos ex-trabalhadores, mas o processo não avançou porque esses bens não têm o valor comercial que se esperava.
“O processo não andou. Tratando-se de bens com alguma perda de valor comercial, está sendo difícil vendê-los para pagar os salários e indemnizações aos ex-operários da Cabocem, de acordo com a decisão judicial”, notou o sindicalista.
Entre os bens arrestados, estão três camiões, dois geradores, um caterpillar retro-escavadora e um torno mecânico que, segundo apurou a Inforpress, não têm valor comercial.
Em 2005, foi instalada, na zona de Fundão, a cinco quilómetros da cidade do Porto Novo, a industria cimenteira Cabocem, propriedade de um grupo de investidores italianos.
A empresa foi encerrada em Junho de 2013, por alegadas dificuldades financeiras, tendo sido despedidos os trabalhadores, que reclamaram o pagamento de cinco meses de salários em atraso e indemnizações pelo “despedimento ilegal”, no valor que excede os cinco mil contos.
Em Outubro de 2013, o Tribunal Judicial da Comarca do Porto Novo condenou essa fábrica a pagar aos operários cinco meses de salários, que os devia aquando do encerramento, e ainda uma indemnização pelos “vários anos de serviços prestados” à essa unidade industrial.
Perante a demora da Cabocem em cumprir a decisão judicial, o SLTSA intentou, em Abril de 2015, uma acção de penhora de bens dessa fábrica nos tribunais para acautelar os salários e indemnizações aos -ex-trabalhadores, que, entretanto, continuam à espera pela resolução da sua situação.
Enquanto isso, a Câmara Municipal do Porto Novo garante estar a trabalhar com o Governo na procura de um parceiro estratégico para o relançamento da Cabocem.
O problema de mercado foi, de resto, a principal razão que levou ao encerramento da cimenteira, que representou um investimento na ordem dos 500 mil contos.
Ainda este ano de 2017, Santo Antão deverá receber uma missão empresarial da Turquia, para analisar as oportunidades de negócios nesta ilha, com a indústria cimenteira na agenda, segundo apurou a Inforpress.
A edilidade portonovense, recentemente, durante uma visita a Santo Antão da embaixadora turca em Cabo Verde, aproveitou para apresentar à diplomata alguns projectos de desenvolvimento deste município, de entre os quais o de relançamento da Cabocem.
A Câmara Municipal do Porto Novo espera poder, durante missão empresarial, incentivar os empresários turcos a investirem nas indústrias de cimento pozolânico em Santo Antão e em outras áreas estratégicas de desenvolvimento desta ilha.
As pozolanas de Santo Antão, cujas jazidas são estimadas em cerca de seis milhões de toneladas, são de boa qualidade, segundo estudos já feitos sobre esse recurso natural, utilizado na construção de infra-estruturas portuárias e de construções hidráulicas.
Por isso, os responsáveis municipais acreditam que, pela qualidade das pozolanas, é possível viabilizar essa cimenteira, estando, nesta altura, à procura, conjuntamente com o Governo de um parceiro estratégico que permita relançar esta industria.
JM/JMV
Inforpress/Fim