Assomada, 17 Abr (Inforpress) – O presidente da ACAISA, Felisberto Veiga, considerou hoje, em entrevista à Inforpress, que o financiamento e a mobilização da água são os “dois grandes desafios” que o sector da agricultura em Santiago Norte enfrenta actualmente.
“Ao longo dos 25 anos, a Associação Comercial, Agrícola, Industrial e de Serviços de Santiago (ACAISA) tornou-se numa associação de incontornável referência em Santiago Norte, no domínio da agricultura, da inovação, de pequenas indústrias, da formação, das questões empresariais e da cooperação internacional”, disse, admitindo que “não são 25 anos de muita maravilha, mas 25 anos de muita aprendizagem”.
A prática da agricultura em Santiago Norte, em particular, está na persistência das pessoas e na inovação tendo em conta que, segundo ele, o País não chove muito e não há abundância de terra.
De entre uma “lista enorme” de grandes desafios para o sector agrário, além do financiamento e da mobilização de água, Felisberto Veiga apontou a modernização da agricultura, o mercado e a certificação dos produtos.
Relativamente ao acesso ao financiamento, assim como os agricultores da região Norte da ilha de Santiago, o líder associativo defendeu a criação de um Banco de Desenvolvimento ou de Fomento para a área agrícola, tendo em conta, que segundo ele, não obstante os programas/garantias do Governo, ainda há muitas burocracias por parte dos bancos comerciais.
Segundo alguns agricultores de Santiago Norte entrevistados pela Inforpress, sem financiamento não vão conseguir fazer a transição de rega por alagamento para gota-a-gota e de uma agricultura de subsistência para uma de rendimento, insistindo na criação de um Banco de Desenvolvimento para apoiar os homens e mulheres do campo.
“Sem financiamento e sem recursos financeiros, infelizmente não é possível ter agricultura em parte nenhuma”, reafirmou.
A organização, fundada a 16 de Agosto de 1997, segundo Veiga cada vez mais tem apostado no agro-negócio ‘tout court’, que passa pela mobilização de água, ordenamento da área de produção agrícola e em modelos de parques agro-industriais.
Aliás, defendeu que este modelo de parque agro-industrial é o que se deve seguir numa agricultura planificada e com gestão de água, acrescentando que a montagem de uma cooperativa poderá ser um desafio para o futuro.
Em relação ao parque agro-industrial, informou que a ACAISA tem em curso o projecto-piloto em Ribeirão Areia, Santa Catarina, no interior de Santiago, financiado pelo PRORURAL+, em 213 mil euros, sendo que uma parte deste montante é comparticipada pelo Governo de Cabo Verde e pelo Governo Regional dos Açores.
O referido projecto de cooperação transnacional “semear, colher e vender”, segundo Felisberto Veiga, conta com uma área de aproximadamente quatro hectares de terreno, uma perfuração própria (furo de água) e tem produzido nos últimos seis meses aproximadamente 10 toneladas de produtos.
Por tudo isso, este empresário agrícola não tem dúvidas de que, se se investir em modelos de parques agro-industriais, daqui 25 anos a agricultura regional vai ser moderna, capaz de criar empregos de referência, certificada e com mais acessos ao mercado nacional, sobretudo turístico.
FM/HF
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