Tarrafal, 31 Ago (Inforpress) – O Governo clarificou hoje que a dessalinizadora da Ribeira de Aguada, em Santa Cruz, foi instalada para permitir que o INIDA realizasse um estudo sobre as potencialidades de dessalinização de água salobra num contexto de semiárido.
Este esclarecimento, feito hoje em conferência de imprensa, vem na sequência das declarações dos deputados do PAICV, oposição, que pediram segunda-feira que o Governo resolva “com urgência” o problema de água e exigiram a conclusão do processo da empresa Justino Lopes.
Sobre o problema de água, os deputados mostraram-se tristes com o facto de o Governo, ter instalado e inaugurado, nas vésperas das eleições legislativas, uma dessalinizadora na Ribeira de Aguada, que segundo eles, ainda não entrou em funcionamento para beneficiar 40 agricultores.
“Não é verdade que a instalação da dessalinizadora em Aguada é para distribuição de água para a agricultura e muito menos para irrigar áreas de sequeiro”, explicou o secretário de Estado da Economia Agrária, Miguel da Moura, acusando o PAICV de “espalhar mentiras” sobre o processo de dessalinização no seio dos agricultores, por não acreditar no mesmo e por estar ainda em “modo campanha eleitoral”.
“O objectivo da instalação dessa dessalinizadora é para permitir ao INIDA implementar um sistema para avaliar a tecnologia de dessalinização adequada para Cabo Verde, a rentabilidade económica de culturas cultivadas com água salobra e os custos de energia, determinar potencialidades e limitação de tecnologia no contexto semiárido de Cabo Verde, e aconselhar o Governo sobre as melhores perspectivas de massificação de água dessalinizada em Cabo Verde”, aclarou.
Assegurou que a dessalinizadora da Ribeira de Aguada está em funcionamento e que algumas “parcelas de experimentação” escolhidas entre os próprios agricultores já estão a ser irrigadas com água dessa dessalinizadora.
Após a fase de experimentação, Miguel da Moura avançou que o Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário (INIDA) vai apresentar um relatório ao Governo, para que este possa massificar o uso de água dessalinizada na agricultura no arquipélago.
“Portanto, tudo o que foi dito pelos deputados do PAICV não corresponde minimamente a verdade”, disse, convidando o PAICV a “abraçar” o processo de dessalinização de água na agricultura, que segundo ele, é a única forma encontrada para assegurar a regularidade no fornecimento de água na agricultura, para que se deixa de ficar à espera da chuva.
Sobre o Justino Lopes, o governante esclareceu que o mesmo não é uma empresa, mas, sim uma associação de agricultores que estão ali a trabalhar nas suas parcelas.
No entanto, lembrou que essa associação já recebeu vários benefícios do Estado, e que a mesma está a dever o Estado dezenas de milhares de contos.
Não obstante, tudo isso anunciou que o Governo vai resolver o problema da posse de terra para que estes agricultores possam trabalhar na regularidade e para produzirem sem problemas, conforme está previsto no programa do executivo.
“Governo vai resolver o problema de Justino Lopes, mas, no entanto, o executivo está vedado de meter dinheiro público dentro de uma associação de caracter privado. Portanto, PAICV deveria estar ciente dessa matéria, mas entendemos que ideologicamente é isso que o PAICV quer, mas este Governo não vai fazer nada disso”, garantiu Miguel da Moura.
Na ocasião, o secretário de Estado para a Economia Agrária lembrou ainda que o Governo no âmbito da linha de crédito com a Hungria mobilizou 35 milhões de euros para dessalinização de água salobra e de mar para a agricultura, e para tratamento de águas residuais para a agricultura.
Dos 35 milhões de euros, adiantou que cerca de sete milhões já foram desembolsados, e que “brevemente” a empresa Águas de Rega vai implementar as actividades no terreno, onde vão ser instalados dezenas de dessalinizadoras a nível nacional.
FM/CP
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