Cidade da Praia, 17 Nov (Inforpress) – Os trabalhadores da Radio Televisão Cabo-verdiana (RTC) querem que o Governo “exerça as suas responsabilidades” em relação às declarações do administrador Carlos Reis, na audição na Comissão Especializada dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos, Segurança e Reforma do Estado.
Durante uma audição parlamentar, que aconteceu na quarta-feira, 15, o administrador Carlos Reis disse que a RTC é uma empresa “gorda e preguiçosa” e destratou os trabalhadores, “proferindo inverdades e pondo permanentemente em causa a própria credibilidade da RTC”.
Em conferência de imprensa, hoje, na Cidade da Praia, o porta-voz do coletivo dos trabalhadores da RTC, Júlio Vera Cruz Martins, disse que as declarações do “candidato a administrador” coloca a empresa na “estaca zero”, ou seja, “começa a contar a partir do momento em que ele entra” e depois faz “tábua rasa” de forma “atabalhoada” num discurso completamente “desconexo” de decisões tomadas anteriormente.
Como prova disso explicou com o facto de falar em Plano de Negócios, “cujos contornos ninguém conhece”, quando a empresa tem o seu Plano Estratégico aprovado pela Assembleia Geral, depois de apresentado no Conselho de Ministros.
“Um bom gestor sabe que o sucesso de qualquer instrumento interno da empresa tem de ter o envolvimento dos colaboradores, que inclui os jornalistas e todo o pessoal administrativos”, explicou Júlio Vera Cruz Martins, considerando que as declarações do administrador da RTC “afrontam” os técnicos com décadas na empresa.
“O discurso dele ofende e há um limite para tudo. Esse limite é justamente as declarações do administrador Carlos Reis que, várias vezes, não só na Comissão Especializada, fez questão de dizer que os três anos são suficientes para conhecer a empresa. Ele maltrata profissionais”, acrescentou.
Para o porta-voz dos trabalhadores, Carlos Reis devia mostrar a visão estratégicaa, que passa pela concretização dos Estatutos da RTC, aprovados em 2019 e cuja implementação é de 40 por cento (%).
Existe o Conselho Independente, que não depende do Conselho de Administração, mas não provedor do Utente e nem há o Conselho de Utentes, que integra representantes dos pagadores da Taxa Audiovisual”, precisou.
Além disso, apontou que o administrador, durante a sua audição parlamentar, anunciou um conjunto de “inverdades”, que a outra candidata a administradora veio corrigir, assim como no que diz respeito ao número de pessoal, que segundo Júlio Vera Cruz Martins foi um “desconhecimento absoluto”.
Perante estes factos, o coletivo dos trabalhadores da RTC querem que o Governo exerça as suas responsabilidades, lembrando que os Estatutos foram feitos para serem cumpridos.
“O Governo colocou a si próprio cinto (…) ou seja, que não tem nada a ver com a escolha dos administradores. É a responsabilidade do Conselho Independente, mas os próprios Estatutos, aprovados no Conselho de Ministros, não livram o Governo da sua responsabilidade, que é através da Assembleia Geral”, explicou Júlio Vera Cruz.
De acordo com o representante dos trabalhadores, é de estranhar o facto de uma empresa de capitais inteiramente públicos não ter um fiscal único, “num momento em que se falta tanto em transparência e prestações de contas”.
“O Governo pode dizer à Assembleia Geral para pedir responsabilidades”, apontou o jornalista Júlio Vera Cruz, defendendo que o Executivo de Ulisses Correia deve ver o perfil da pessoa que é escolhida para representar a empresa.
“Como se alguém se vê ao espelho, não vê mais nada (…) é um exercício de narcisismo que tem efeitos terríveis e provoca mazelas”, notou Júlio Vera Cruz Martins.
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