Cidade da Praia, 16 Jul (Inforpress) – O economista sénior do Banco Mundial (BM) para Cabo Verde, Daniel Reyes, afirmou hoje que a resposta política de Cabo Verde para fazer face à crise no início da pandemia foi “rápida, resoluta, ampla e bem orientada”.
Daniel Reyes, que foi um dos oradores do ateliê sobre impacto da covid-19 na economia cabo-verdiana, no painel sobre “desafios e estratégia para assegurar a recuperação da economia nacionais pós-covid”, colocou seu foco no sector privado e disse que para avaliar os impactos da crise é importante pensar sobre as duas fases da crise.
“A primeira fase da pandemia trouxe problemas de liquidez às empresas, incapacidade de pagar trabalhadores, investimentos estrangeiros nacionais e internacionais foram adiados devido à incerteza sobre a duração da pandemia. A resposta política de Cabo Verde nessa fase foi rápida, resoluta, ampla e bem orientada”, disse.
Já a segunda fase tem a ver com a recuperação. O economista do BM perspectiva que a recuperação efectiva da economia cabo-verdiana só deverá acontecer nos próximos 18 meses. Salienta que o processo vai ser lento e o sector privado vai precisar do apoio do executivo.
“No lado da demanda, a suspensão das medidas de quarentena e reactivação das cadeias globais de valor vai recuperar a demanda, mas o sector do turismo vai recuperar lentamente. No lado da oferta, as cadeias globais de valor vão ser restabelecidas e a maioria dos trabalhadores voltará ao trabalho”, perspectivou.
No entanto, salientou que é importante que as empresas tenham acesso ao crédito de importação e de exportação para restabelecer as relações comerciais existentes, sendo certo que possa haver algum atraso na recontratação dos trabalhadores.
“A incerteza vai diminuir à medida que a pandemia for contida e os investimentos vão ser retomados gradualmente” anotou.
Daniel Reyes afirmou, no entanto, que a crise é também uma oportunidade e, neste sentido, falou de três áreas para aumentar a competitividade em Cabo Verde, designadamente a melhoria do ambiente de negócios, a melhoria de acesso às empresas aos contratos públicos e a melhoria da infraestrutura de qualidade e o sistema de norma.
“Nós achamos importante reduzir as restrições para as empresas ao longo do ciclo de vida. Neste sentido, entendemos ser muito importante apoiar a unidade de competitividade como uma unidade de implementação de reformas intersectoriais”, disse apontando para necessidade melhorar o sistema de licenciamento.
Por outro lado, defendeu a melhoria da publicação de dados de contratação e a adesão de Cabo Verde à Organização Internacional de Normalização, uma forma, conforme indicou, de aumentar o padrão de bens e serviços que podem ser oferecidos pelas empresas nacionais.
Com vista a atrair mais investimentos estrangeiro, o economista sénior do BM adianta que Cabo Verde vai ter que ajustar-se ao novo contexto internacional para a política de investimento directo estrangeiro.
“Consideramos que é necessário aprimorar uma política de investimentos e desenvolver uma estratégia e uma visão nacional para o investimento e um plano de acção para sua implementação, ligado à estratégia 2030, mas com identificação de sectores que são muito importantes para Cabo Verde”, notou.
O desenvolvimento de uma estratégia corporativa para Cabo Verde Trade Invest, a criação de condições para a promoção do vínculo entre empresas nacionais e estrangeiras e o desenho de uma política de concorrência são outros aspectos importantes para a atração dos investimentos a médio prazo.
MJB/CP
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