Cidade da Praia, 17 Dez (Inforpress) – A coordenadora do Programa de Prevenção e controlo das Doenças Oncológicas anunciou, hoje, que em 2020 vão ter funcional a Rede Nacional de Cuidados Paliativos para uma “melhor resposta e tratamento” dos doentes que necessitam deste cuidado no país.
Carla Barbosa falava em declarações à Inforpress no âmbito de um curso sobre “Cuidados paliativos básicos ao doente crónico oncológico e não oncológico”, que decorre durante dois dias na Ordem dos Médicos, na cidade da Praia.
Este curso é destinado aos profissionais de saúde dos Centros de Saúde que vão acolher o projecto piloto, nomeadamente de Achada Santo António e Achada Grande Trás, na cidade da Praia, e o Hospital Regional Santa Rita Viera, em Santa Catarina e Hospital Baptista de Sousa, em São Vicente.
Em Cabo Verde, segundo esta médica patologista, mais de 50 por cento (%) dos casos de mortalidade pertencem às doenças crónicas não transmissíveis, nomeadamente doenças do aparelho cardio-cerebrovasculares (enfarte e AVC), as neoplasias (cancro da próstata, mama, colo uterino e do aparelho digestivo), e ainda doenças do aparelho respiratório.
Face à realidade actual do perfil epidemiológico do país, afirmou que se torna “imprescindível” organizar uma rede de cuidados paliativos.
“Perante essas doenças crónicas não transmissíveis e a história da doença na maioria dos casos, em algum momento, vai ser necessário este tipo de tratamento, que é dos cuidados paliativos, então o programa tem como objectivo organizar esta rede de cuidados paliativos a nível nacional”, avançou.
Vão integrar esta rede as unidades de cuidados paliativos a nível dos hospitais centrais com cuidados terciários, uma equipa multidisciplinar na comunidade, e as unidades paliativos que incluem observação do doente na enfermaria e leites disponíveis para alguns pacientes com necessidades especiais.
Ainda, ajuntou, esperam contar com o apoio das organizações não governamentais, nomeadamente a Associação Cabo-verdiana de Luta Contra o Cancro e a liga em São Vicente e a sociedade civil.
Um dos benefícios desta rede, segundo Carla Barbosa, é que vai permitir que o profissional no hospital ou na comunidade tenha conhecimento dos doentes, em que fase é que estão e assim poderão articular-se entre eles de forma que o doente fique “sempre seguido e não se sinta a mercê da sua sorte”.
Esta rede, informou, vai permitir ainda que cada actor saiba, exactamente, quais são suas competências e assegurar que todos estão a fazer o tratamento da mesma forma.
Informou que durante este curso vão planear outras acções de forma descentralizada até ao primeiro trimestre de 2020 para que no próximo ano já tenham uma rede de cuidados paliativos funcional em Cabo Verde.
A coordenadora reconheceu que o programa tem um “grande trabalho” pela frente, principalmente com a população, uma vez que estes vêem o cuidado paliativo como um fim.
“Temos que mudar esta visão porque os cuidados paliativos vêm para melhorar a qualidade de vida dos doentes, dar-lhes melhor conforto para que tenham uma morte digna”, realçou.
Relativamente ao tratamento do cancro em que muitos doentes são evacuados para Portugal para fazerem radioterapia, fez saber que há um engajamento do Ministério de Saúde para que a radioterapia possa vir a ser uma realidade no país.
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