Recriação Histórica: Jacques Cassard “volta a invadir a Cidade Velha” levando mais de três milhões de libras

Cidade da Praia, 30 Jun (Inforpress) –   O corsário francês Jacques Cassard “voltou hoje a invadir Cidade Velha”, numa recriação histórica de 1712, em que saqueou mais de três milhões de libras, ditando assim a queda da Ribeira Grande como capital do país.

Por volta das 12:00 deu-se início a II edição da “Viagem pela História” com uma missa na rua da Misericórdia e quando eram 13:20 um mensageiro chega a igreja para anunciar que as 12 embarcações que atracaram na vila da Praia declararam guerra ao país e que o capitão-mór Manuel Dias, que rege a vila da Praia, foi preso.

Segundo relatou Sabino Baessa, presidente da Companhia de Teatro Fladu Fla, que encenou essa recriação histórica, Jacques Cassard vinha a marchar com 400 homens da Praia para a Cidade Velha, onde atacou pela retaguarda, tendo encontrado o governador desprevenido porque este tinha as suas tropas a trabalhar nas fazendas dos senhorios.

“Ele ocupou a cidade, roubou todos os bens porque o seu objectivo era roubar. As famílias guardavam os seus bens dentro da igreja então a igreja foi saqueada, incidiram a biblioteca da igreja e Cassard ficou conhecido como o grande senhor dos três milhões de libras”, contou.

Durante a invasão, os corsários conseguiram levar para o navio peças de artilharia, sinos da igreja, pólvora, balas, mais de 110 escravos, mais de 8000 cruzados e todos os bens dos moradores guardados nas igrejas, isto é, levaram mais de três milhões de libras.

Depois do pânico instalado na Cidade Velha, Jacques Cassard só se retirou quando foi informado de que o Governador da cidade vinha a marchar com 1000 homens para desalojá-los.

Depois de ter contabilizado os ganhos, Jacques Cassard encerou a cena dizendo “missão cumprida, vamos embora”.

No final da recriação, que durou cerca de duas horas, Sabino Baessa disse que foi “bastante difícil” fazer toda essa montagem porque tiveram apenas um mês para a preparar, mas no final foi um “sucesso”.

“Não foi fácil, mas aceitamos esse desafio porque na verdade temos por obrigação ajudar a contar a nossa história. Conseguimos organizar todos os detalhes, para que hoje a Cidade Velha sentisse o brilho de 1712”, afirmou.

Para esta recriação, informou que contaram com a envolvência de mais de 500 pessoas, dos grupos Abre-Capoeira e Bloco Afro Abel Djassi, da escola Secundária de Regina Silva, São Felipe, Calabaceira e Achada Grande Frente, para além das Forças Armadas de Cabo Verde, que contribuíram com 150 militares, e moradores locais.

Sabino Baessa insta as demais câmaras municipais do país a contar a sua história para que possam promover a identidade cultural de um povo, e ainda apelou à população de Ribeira Grande de Santiago a envolver-se mais na sua história.

O arquiteto Misael Benrós, que incorporou a personagem de Jacques Cassard, apesar de ter tido apenas duas semanas para aprender a ser actor, afirmou que foi fácil interpretar este papel.

Segundo disse, Cassard era um personagem muito direccional, isto é, era “muito malvado, tinha más intenções” a respeito de Cidade Velha, por isso não foi difícil assumir o seu papel.

“Os corsários tinham liberdade dado pela rainha de fazer pilhagem, então ele chegou aqui fez o que fez e saiu com três milhões de libras. O que fez com que Cidade Velha entrasse em declínio e que a capital passasse a ser a Praia”, recordou.

Misael Benrós revelou que só passou a conhecer toda a informação sobre essa história através da recriação, uma vez que estas informações não se encontram nos livros de histórias.

A II edição da “Viagem pela História” enquadra-se nas celebrações do X aniversario da ascensão da Cidade Velha a Património Mundial da Humanidade.

AM/AA
Inforpress/Fim

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