Psicólogo diz que há muito a ser feito com famílias cabo-verdianas e defende criação de estratégias para as monoparentais

Cidade da Praia, 20 Mai (Inforpress) – O psicólogo Jacob Vicente vincou hoje na cidade da Praia que ainda há muito trabalho a ser desenvolvido com as famílias cabo-verdianas, pelo que apontou a necessidade de criação de estratégias para trabalhar nas monoparentais.

Jacob Vicente fez estas declarações aos jornalistas na qualidade de um dos conferencistas no Fórum “Família e Escola – Relações e Desafios”, que decorreu no âmbito do Dia Internacional da Família, na Escola Secundária Abílio Duarte, em Palmarejo, presidido pelo Cardeal Arlindo Furtado.

“Há muito trabalho a ser feito com as famílias cabo-verdianas, na minha opinião, com as famílias em Cabo Verde e temos que desenvolver uma estratégia para trabalhar com as famílias monoparentais que é a realidade de Cabo Verde”, considerou o psicólogo, após ser convidado a lançar um olhar à situação das famílias cabo-verdiana.

Segundo aquele responsável, basta observar as estatísticas em Cabo Verde e cruzar os dados para ver como o arquipelago está em termos de família, um País em que mais de 60% das famílias são monoparentais, e que a figura paterna está ausente e até mesmo tem outra família.

“As mães, a maioria sai de casa bastante cedo para procurar o pão para o filho e volta à tarde e os filhos voltam da escola estão sozinhos em casa, então a caracterização social das famílias cabo-verdianas neste momento fala por si, e quando formos ver a estatística dos jovens reclusos quem está na cadeia é maior parte população jovem, maioria rapazes (…)”, disse.

No fórum, assinalou Jacob Vicente, por outro lado, vai ser discutido basicamente as relações interpessoais, a construção cognitivista do sujeito enquanto membro da família na relação com a escola e na relação também com a família.

“Vamos trazer casos práticos em que vamos frisar o que o senhor bispo disse que é este ser que está em relacionamento com. Então se não tivermos a consciência do sujeito, não podemos ter a consciência do papel que ele tem na relação que ele estabelece entre as várias instituições a que pertence”, enfatizou o especialista.

O psicólogo avançou ainda que a implementação da disciplina da educação mural e religiosa católica nas escolas públicas é importante para a formação dos alunos visto que vai lhes dar uma outra capacidade e perspectiva na relação com o outro, quer com os colegas quer os professores e a família.

Mas, no entanto, salientou seria “bastante bom” que também os pais e educadores tivessem a oportunidade de beneficiar destas aprendizagens que os filhos na escola estão a ter porque se não vai se ter um desfasamento entre aquilo que o filho recebe na escola e aquilo que existe em casa.

Por seu lado, a conferencista e professora Augusta Teixeira defendeu que há necessidade de conscientizar as famílias e os educadores de que crianças têm fases de aprendizagens que devem ser dominadas pelos educadores para saberem quais os conflitos que a própria criança tem internamente.

“Às vezes exigimos num determinado momento coisas que as crianças biologicamente não estão prontas para responder tanto a família como a escola. Outra questão é que afecto e amor, mais atenção, mais cuidado e menos tecnologia e de forma mais apropriada é um dos caminhos principais”, frisou.

Chamou atenção ainda pela importância de os educadores fazerem um acompanhamento mais próximo e de compreender sobretudo os adolescentes na sua fase de individuação, concretizando que muitos conflitos ocorrem nas famílias devido aos desconhecimentos dos próprios pais.

TC/ZS

Inforpress/Fim

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