Cidade da Praia, 20 Mai (Inforpress) – A psicóloga Jaclin Freire realça a importância de um acompanhamento psicológico às pessoas que contraíram o vírus da covid-19, explicando a necessidade de se estar atento a problemas que podem surgir no futuro a nível da saúde mental.
Jaclin Freire, que falava em declarações à Inforpress sobre a importância do acompanhamento psicológico durante o período da pandemia, avançou que o seguimento deve ser “nas diversas fases da vida”, mas, tendo em conta situações de crise, como a que se vive actualmente, esta importância “é ainda maior”.
No seu entender, para as pessoas que contraíram o vírus, o acompanhamento dá-lhes a sensação “de que estão a ser cuidados por profissionais que reconhecem” os sintomas emocionais de uma eventual doença mental.
“Portanto, o profissional tenta proteger essas pessoas de chegar a esse estado mais grave de doença mental”, exprimiu.
No entanto, esclareceu que nem todas as pessoas que são infectadas e que ficam doentes desenvolvem problemas de foro psicológico ou mental, mas que outras podem ser mais susceptíveis e desenvolverem esses quadros.
“É preciso trabalhar com essas pessoas para se saber em que condições se encontram, que sinais e que sintomas é que apresentam e depois intervir com as estratégias”, apontou, ressaltando que essas estratégias permitem fortalecer fisicamente e psicologicamente o estado dos indivíduos.
“A maior parte das pessoas passa por fases de estresse e ansiedade, muito caracterizados com medos, fraquezas, com a sensação de falta de esperança com que o desconhecido traz, portanto é preciso trabalhar essa segurança”, assinalou.
Por outro lado, sublinhou, “a saúde física e mental andam lado a lado”, uma vez que, atestou, quando a saúde física está afectada, acaba por afectar também a psicológica, sendo que o inverso também acontece.
“Muitas vezes quando a saúde psicológica afecta a pessoa, acaba interferindo na sua recuperação física”, considerou.
Jaclin Freire que é psicóloga clínica e ponto focal das intervenções da saúde mental e nível central no sistema nacional, salientou ser “importante” também que “as pessoas busquem esse apoio”.
Nesta linha, afirmou que pelas questões culturais e pela própria forma como se encara a doença e a saúde em Cabo Verde, podem não reconhecer que estão num momento em que precisam de apoio neste sentido.
“Muitas vezes vão à procura de ajuda porque têm sinais físicos, que diante de uma avaliação do profissional de saúde, dá conta que precisam, de facto, de um acompanhamento psicológico.
Contudo, revelou que conhecendo a diferença de quando se está num momento da sua vida, em que não se têm sinais ou sintomas psicológicos ou do foro psiquiátrico, “as pessoas poderão ser capazes de se autoavaliarem” e saber como lidar nessas situações.
Cabo Verde contabiliza 2.613 casos activos, 25.816 casos recuperados, 253 óbitos, oito dos quais óbitos por outras causas e nove transferidos, perfazendo um total de 28.699 casos positivos acumulados.
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