Cidade da Praia, 06 Mai (Inforpress) – O projecto “Teatro comunitário, ensino de teatro e cidadania”, que visa desenvolver oficinas teatrais nas comunidades, através de um processo de criação com base em elementos culturais identitários, identificados pelas comunidades, quer dar vez e voz às mesmas.
A promotora do projecto “Teatro comunitário, ensino de teatro e cidadania”, Nareida Delgado, explicou à Inforpress que se trata da sua tese de mestrado em teatro concluído esse ano.
O projecto tem também como propósito, assinalou, conhecer, caracterizar e analisar junto da comunidade todos os desejos, anseios e dificuldades que podem ser utilizados como elementos para jogos e encenações teatral.
“Proporcionamos oportunidades de expressão e criação teatral e desenvolve processo de criação de acordo com a metodologia teatral de Augusto Boal com as comunidades e posteriormente partilhar resultado daquele processo de criação numa forma de uma apresentação teatralizada”, acrescentou Nareida Delgado.
Segundo a mesma fonte, com este projecto procura-se, igualmente, descobrir e desenvolver “novas formas de identificação na vida” das comunidades, criando de igual modo novos agentes e grupos teatrais e mais públicos para o teatro.
“A intenção é também descentralizar o teatro, trabalhar o teatro de dentro para fora, e são as comunidades que criam seus produtos. É uma chance das comunidades terem voz e de serem ouvidos porque geralmente são comunidades onde a taxa de desemprego e pobreza são elevadas, periferias onde oportunidades não lhes chegam então nós como artistas penso que é a nossa obrigação apoiar nesse sentido, usando a arte para dar voz e vez à comunidade”, sustentou.
Conforme reforçou a promotora do referido projecto, as comunidades poderão expressar e retratar através do teatro as histórias, a realidade das suas comunidades sejam elas boas ou não.
Esta responsável salientou ainda que a perspectiva é aperfeiçoar cada vez mais o projecto e implementá-lo de maneira “intencional e sistematizada” em Cabo Verde, tendo já arrancado na cidade da Praia, contudo, ressalvou, a ideia é expandir para os outros concelhos do País, criando multiplicadores de teatro comunitário.
De maneira que, avançou Delgado, o projecto já está implementado na zona de Safende, e neste momento estão em Eugénio Lima, para à semelhança de Safende, dirigir a sua própria oficina teatral, tendo como próxima paragem Achada Grande Frente.
Nareida Delgado, que tem estado a desenvolver o projecto com apoios de amigos, almeja conseguir parceiros para ampliar a sua rede e continuar a trabalhar em prol do teatro comunitário.
Nesta senda, chamou a atenção para a importância do teatro que, segundo ela, passa muito além do fazer os outros sorrir, e instou as autoridades competentes a continuarem a apostar nas artes cênicas.
Nareida de Carvalho Delgado ingressou no teatro em 2005 na companhia teatral Flado Fla, onde desenvolveu vários trabalhos e funções nomeadamente a de vice-presidente, presidente interina, coordenadora e formadora de oficina de teatro de 2017 a 2018.
Participou ainda no Grupo Teatral Craq Otchod em São Vicente, que desenvolvia muitos trabalhos no seio das comunidades, daí que desenvolveu o interesse pelo teatro comunitário que não obstante os “desafios” é algo “extremamente enriquecedor”.
TC/ZS
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