Primeiro-ministro diz que não comenta cartas abertas na comunicação social (c/áudio)

Espargo, 11 Ago. (Inforpress) – O primeiro-ministro diz que não reage a cartas abertas na comunicação social, quando confrontado com a missiva do empresário colombiano Alex Saab, detido no País e a aguardar pedido de extradição feito pelos Estados Unidos.

Ulisses Correia e Silva fez essas declarações, hoje, na ilha do Sal, onde se encontra para uma visita de trabalho, durante dois dias.

“As pessoas conhecem a caixa postal do Palácio do Governo, se tiverem cartas a enviar, enviam directamente para o gabinete do primeiro-ministro. Não faço comentários sobre cartas publicadas na Comunicação Social”, reiterou.

Perante insistência dos jornalistas, Ulisses Correia e Silva foi mais claro, referindo que “não toma conhecimento” deste tipo de cartas, optando-se, também, em não falar deste caso, porque, conforme disse, está na justiça.

Alex Saab foi detido em 12 de Junho pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas, durante uma escala técnica na ilha do Sal, com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA.

Numa carta aberta ao primeiro-ministro, e a que a agência Lusa teve acesso na segunda-feira, o alegado testa-de-ferro do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse estar detido ilegalmente em Cabo Verde, e estranhou a “inação” de Ulisses Correia e Silva, antevendo “consequências jurídicas e políticas”.

O empresário disse que está “detido ilegalmente” em Cabo Verde há 57 dias, “a aguardar que um pedido de extradição feito pelos Estados Unidos infundado e com motivação política seja revisto”.

Escrita na cadeia da ilha do Sal e enviada à agência Lusa pela agência de comunicação global (YoungNetwork Group), Alex Nain Saab Morán, que se identifica como “Enviado Especial da República Bolivariana da Venezuela”, afirmou que está a ser alvo de uma “grande injustiça”.

“Foi-me negado o direito a uma audiência e a minha equipa de advogados não teve acesso ao relatório do procurador, o que é inédito na história jurídica de Cabo Verde”, acrescentou.

Na semana passada, o Tribunal de Relação do Barlavento, em Cabo Verde, decidiu extraditar Alex Saab para os Estados Unidos da América (EUA), com a defesa a anunciar que vai recorrer da decisão.

A detenção foi classificada pelo Governo da Venezuela como “arbitrária” e uma “violação do direito e das normas internacionais”, tal como as “acções de agressão e cerco contra o povo venezuelano, empreendidas pelo Governo dos Estados Unidos da América”.

Saab era procurado pelas autoridades norte-americanas há vários anos, suspeito de acumular numerosos contratos, de origem considerada ilegal, com o Governo venezuelano de Nicolás Maduro.
Em 2019, procuradores federais em Miami (EUA), indiciaram Alex Saab e um seu sócio, por acusações de operações de lavagem de

dinheiro, relacionadas com um suposto esquema de suborno para desenvolver moradias de baixa renda para o Governo venezuelano, que nunca foram construídas.

SC/JMV

Inforpress/Fim

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