Cidade da Praia, 20 Abr (Inforpress) – Corsino Tolentino considera que o primeiro ano do mandato do Governo de Ulisses Correia e Silva foi “fraco” e que este ainda se encontra em estado de graça mais por “demérito da oposição do que por mérito próprio”.
Aquele analista político fez estas declarações à Inforpress ao ser instado a fazer uma apreciação sobre o primeiro ano de mandato do executivo do Movimento para a Democracia (MpD), que no próximo dia 22 completa um ano da tomada de posse.
Para ele, o ponto forte do actual Governo é a “propaganda”, enquanto o fraco é a “incapacidade de fazer muito melhor para o bem dos cabo-verdianos, aqui e lá fora”.
Perguntado sobre que sectores governamentais merecem algum eventual reajuste, respondeu: “Eu não falaria de reajustes, mas de acção coerente e da maior união possível do povo. O governo teria de parar de criar tensões, estruturas e fontes de despesas, e fazer contas ou estimativas mais consistentes”.
“O modo de governar me pareceu galo na guerra, com altos e baixos”, comenta Corsino Tolentino, acrescentando que os “problemas bicudos continuaram” e cita alguns exemplos de TACV, transportes marítimos, endividamento e como a economia está como está, poucos empregos, a regionalização que não anda, a grande construção civil não começou”.
“Ora, este tipo de questões exige não apenas consenso formal mas genuína “junta-mon” Perguntem aos suíços se é ou não compatível com a democracia formal!”, enfatizou o analista.
Este comentador político reconhece a “legitimidade” do MpD para governar baseada num contrato de confiança com a nação cabo-verdiana, mas, diz ele, “não houve esboço de alteração significativa no quadro da democracia em Cabo Verde”.
“Temos de definir a perspectiva de análise, que pode ser assente no modo de governar o país ou comparando as promessas com a realização”, precisou Corsino Tolentino.
O Governo já veio a público afirmar que neste primeiro ano já criou mais de 15 mil empregos.
Instado a comentar, disse: “Admito que a sociedade tenha criado mais empregos. Porém, o que é mais importante é saber se teremos mais paz ou mais tensão social durante o resto do mandato. Estamos numa encruzilhada muito séria. Tem de haver mais diálogo e outro tipo de democracia genuinamente representativa de todas as ilhas e todos os partidos”.
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