Presidente da República não pode condicionar governação do país – secretário-geral do MpD

Cidade da Praia, 26 Abr (Inforpress) – O secretário-geral do Movimento para a Democracia (MpD- poder), Luís Carlos Silva, advertiu hoje que governar não é da responsabilidade do Presidente da República (PR) e que ele não pode condicionar a governação do país.

Em conferência de imprensa, na sequência da comunicação feita ao país pelo chefe de Estado, José Maria Neves, o dirigente do MpD considerou que não é legítimo fazer agora, “ao meio”, o balanço do mandato.

José Maria Neves manifestou-se hoje “preocupado” com a situação actual do país, e acusou o Governo de estar “descoordenado” e de ser incapaz de implementar políticas públicas que resolvam os problemas do arquipélago.

“O Presidente da República também criticou algumas opções de políticas que, claro, se assentam na sua visão ideológica. Aqui temos de ser frontais: o Governo tem de governar com base no seu programa sufragado pelo povo”, esclareceu Luís Carlos Silva, estranhando o facto do PR em nenhum momento relacionar “os tempos difíceis que o país enfrenta” com as sucessivas crises.

“Apresentamos um programa estruturado, numa visão de políticas fundamentais na liberdade económica, na economia de mercado e onde o sector privado assume quota do processo de desenvolvimento, sem descurar a política social”, justificou Luís Carlos Silva, rebatendo, assim, as críticas do PR no que tange ao processo de privatização.

Relativamente à excessiva partidarização do espaço público, apontada pelo mais alto magistrado da Nação, o MpD esclareceu que se trata de um problema antigo, “resultado do percurso histórico do país e dos modelos de governação implementados pelo PAICV”.

Neste particular, o dirigente “ventoinha” disse que o MpD tem feito um forte trabalho no sentido de libertar a sociedade desta partidarização, apresentando uma iniciativa legislativa para impor uma série de incompatibilidades entre os cargos executivos nos partidos e Governo.

Em relação à suspensão da aplicação da nova tarifa no transporte de cargas, que José Maria Neves disse não ter sido consultado, Luís Carlos Silva disse entender que se trata de uma medida “prudente” e que vai permitir uma reavaliação do impacto do aumento de preços na economia e na vida das pessoas.

“O Governo tem dialogado com o Presidente da República dentro do quadro formal previsto nas nossas leis (…) não tem que comunicar todas as etapas da governação, comunica as grandes linhas de política”, esclareceu Luís Carlos Silva, garantindo que José Maria Neves tinha conhecimento que o contrato de concessão estava em revisão.

Por fim, o partido que sustenta o Governo reafirmou que Cabo Verde tem sido resiliente e tem feito um “bom combate”, não obstante o acréscimo de dificuldade e de complexidade do “novo normal”.

“Pela primeira vez temos um saldo positivo nas contas públicas, apesar do aumento das despesas públicas, as receitas conseguiram ser superiores, gerando um saldo de 150 milhões de escudos”, concluiu.

OM/CP

Inforpress/Fim

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