Lisboa, 29 Jul (Inforpress) – O Presidente da República lembrou hoje, em Lisboa, que Cabo Verde precisa de cerca de 80 milhões de euros para fazer face à situação de emergência, resultante da crise alimentar, energética e da guerra na Ucrânia.
José Maria Neves reiterou essa necessidade durante “Diálogo entre Presidentes”, da edição 2022 do Fórum Euro Africano, num painel que teve também a participação do Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que aconteceu em Cascais.
“Feitas as contas, globalmente, precisaremos de cerca de 80 milhões de euros para fazer face à situação [de emergência]”, disse, indicando que o Governo tem tomado em sede fiscal, medidas para mitigar os efeitos dos aumentos generalizados de preços, já que Cabo Verde importa praticamente tudo o que consome, sendo que para “agravar” a situação, o País tem enfrentado seca severa, praticamente durante os cinco anos.
Para além das medidas fiscais que o Governo tem tomado, José Maria Neves sublinhou que há um conjunto de medidas de âmbito social para acudir as famílias mais carenciadas e garantir o rendimento de inclusão àquelas camadas menos favorecidos da sociedade, indicando que o País tem estado a trabalhar diferentes parcerias, designadamente com o Banco Mundial, com o Banco Africano de Desenvolvimento , com o Banco Europeu de investimentos e com os diferentes países, por exemplo, Portugal, que é um “importante parceiro”.
À saída da “Conversa entre Presidentes”, o Presidente da República afirmou a possibilidade que a diáspora tem de poder fazer a ponte,, podendo dar um contributo “importante” para que haja mais integração e concertação” entre países e para que haja processo de mudança a nível da realidades nacionais, neste momento “muito difícil e muito conturbado” de sucessivas crises, mas que também revelam algumas oportunidades para se realizar as mudanças que são necessárias a nível dos Estados e multilateral.
Essas mudanças devem servir para se encontrar as melhores formas cooperação e soluções mais efectivas, designadamente no domínio da saúde e no domínio da cooperação económica, financeira e empresariais, sempre com um “forte contributo” da diáspora, que tanto Cabo Verde como Portugal têm no mundo.
“Os tempos são difíceis, são muito complexos, há algum sofrimento que vamos ter, mas é tempo também de mobilizarmos todas as capacidades e competências nacionais, para haver a possibilidade de construção de consciência e busca de soluções conjuntos.
Por sua vez, o Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que todos estão cientes quanto à situação de crise que se vive neste momento e às consequências, como a subida de inflação, porque é um período que exige “resistência”, capacidade de decisão rápida se for necessária, ou seja, enquanto durar a guerra, provavelmente haverá consequências que será preciso enfrentar.
“Europa tem de olhar mais para África, a colaboração intimíssima entre Portugal e Cabo Verde deve continuar, mas também deve haver um papel fundamental, não apenas dos políticos, mas das comunidades cabo-verdianas em Portugal e portuguesas em Cabo Verde”, frisou.
O EurAfrican Forum 2022 (Fórum Euro Africano), organizado pelo Conselho da Diáspora Portuguesa, acontece durante dois dias, 28 e 29 de Julho, sobre o tema “Empowering UE-Africa Alliance in times of disruption” (Capacitar a Aliança UE-África em tempos de disrupção).
O fórum tem como principal objectivo promover um debate “eficaz, moderno e inclusivo” apoiado em ideias, realidades e projectos no interesse mútuo dos “dois continentes irmãos”.
O “Diálogo entre Presidentes” aconteceu neste segundo e último dia do evento que visa “estreitar os laços” entre a Europa e a África, com foco estar em quatro temas da actualidade que, segundo o Conselho da Diáspora Portuguesa, constituem a prioridade e o centro de atenção das instituições políticas e do “governance mundial”.
“O Fórum EurAfrican é uma plataforma voltada para a acção que visa promover uma colaboração mais forte entre a Europa e a África, promover melhor um crescimento verde e inclusivo compartilhado, descobrir novas oportunidades de investimento de negócios e impacto social e criar sinergias entre ambos os modelos de inovação”, explicou a organização.
José Maria Neves cumpre hoje o segundo dia de uma visita de quatro dias a Portugal, a convite do seu homólogo português Marcelo Rebelo de Sousa, visando o reforço dos laços históricos, políticos, económicos e culturais entre os dois países.
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