Mindelo, 25 Mai (Inforpress) – O presidente do conselho de administração da Electra assegurou hoje, no Mindelo, que existe um “crime organizado” de roubo de energia na Cidade da Praia que lesa não só a empresa como toda a economia.
Luís Teixeira fez a denúncia em conferência de imprensa hoje, no Mindelo, para balanço da assembleia-geral ordinária dos accionistas e na qual informou que a empresa teve 114,5 gigawatts de energia perdidos, tanto em perdas técnicas como não técnicas, estas últimas com um “peso significante”, principalmente na Ilha de Santiago, e na Cidade da Praia, em particular.
“Santiago ainda continua a ter nível de perda muito elevado e estamos a falar de valores preocupantes como 34,5%”, sublinhou, adiantando que houve uma redução de 0,1 pontos percentuais em relação a 2022, cuja percentagem foi de 34,6, mas, ainda “muito pouco” para reduzir as perdas nacionais.
Luís Teixeira relacionou isso com “fenómenos de furtos e fraudes, cada vez mais sofisticados”, que, sublinhou, têm a ver com “roubos da classe média, de operadores económicos, ou seja, um fenómeno que já não tem nada a ver com rendimento das famílias e das pessoas”.
“Tem a ver com uma mentalidade, com um crime. As pessoas não querem pagar energia e isto é muito grave”, sustentou o responsável da Electra, para quem está a acontecer um “crime cada vez mais organizado” com pessoas a revenderem a energia roubada, que “lesa não só a Electra, como toda a economia.
O gestor afiançou que a dimensão é tão grande que as 11 equipas no terreno não estão a conseguir estancar o problema.
Luís Teixeira enumerou casos de padarias, hotéis, empresas de frio e classe média da zona do Palmarejo.
“Isto também é para desconstruir a narrativa de que as pessoas roubam porque a Electra não faz ligação, porque se andarmos pelo Palmarejo, todo mundo tem energia, todo mundo tem um contrato, está ligado, então porquê há roubo em Palmarejo”, questionou o responsável, para quem todas as pessoas naquela zona têm “bom rendimento”, e daí, ser preciso serem punidas.
Luís Teixeira vai mais longe e afirmou haver jovens recém-formados em electricidade a fazerem “biscates” de ligações clandestinas nas casas e empresas e com “tanta sofisticação” que a Electra tem dificuldade em provar essas fraudes, já que no momento que vão às habitações o sistema é desligado remotamente.
Falando ainda de Santiago, o presidente da empresa de produção de água e electricidade assegurou que a ilha também tem registado uma capacidade de cobrança das facturas “muito baixa”, algo, asseverou, muito ligado à empresa de distribuição Águas de Santiago (AdS), que tem acumulados valores anuais de dívida “muito altos”.
A facturação da AdS, conforme a mesma, tem ficado alguns meses abaixo dos 50% e neste momento a dívida da empresa é de 2,7 milhões de contos.
“É uma dívida colossal. Temos que encontrar uma solução para a questão da AdS”, advogou Luís Teixeira, admitindo que o contrato com a empresa municipal não está a trazer vantagens para a Electra e a situação precisa ser revista pelas autoridades do Estado.
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