Cidade da Praia, 12 Set (Inforpress) – A presidente do Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA), Maria José Alfama, disse hoje que a “principal preocupação” da instituição é dar ferramentas às famílias para que possam cuidar melhor das crianças.
A responsável do ICCA, que falava à imprensa à margem de um seminário promovido, na Cidade da Praia, pela Associação Nacional de Apoio a Promoção da Educação Especial em Cabo Verde (ANAPEE-CV), lamenta o facto de os cabo-verdianos se retraírem perante casos de denúncias em que as crianças veem violados os seus direitos.
Em muitos casos, diz ela, as denúncias chegam “muito tarde” ao ICCA, pelo que a situação se torna mais difícil de se corrigir.
“As nossas estatísticas mostram que em termos de violação dos direitos da criança encontramos, sobretudo negligência, falta de cuidado e maus tratos”, indicou Maria José Alfama.
Conforme fez notar, a instituição que dirige, através da escola de família e das delegações espalhadas pelo país, tem feito “trabalhos de sensibilização”, com vista a melhor capacitar as pessoas para a promoção dos direitos da criança.
“Queremos que as famílias entendam que cada criança é sujeito de direitos fundamentais”, realçou a presidente do ICCA, destacando alguns preconceitos ainda existentes em relação às crianças portadoras de deficiência.
Reconhece que, apesar de acções feitas por diversas associações que têm vindo a trabalhar em prol das crianças com deficiências, ainda há a necessidade de “desmistificar e desconstruir” preconceitos e “trabalhar o medo” que as famílias têm em levar os seus filhos a relacionarem-se com outros meninos, participando na comunidade.
“Falta uma coisa fundamental que é o potencializar daquilo que essas crianças podem fazer. Podem ter alguma deficiência, mas poderão participar em outras actividades e serem crianças activas”, precisou Maria José Alfama, que defende que se deve criar “oportunidades” a esses meninos para desenvolverem as suas aptidões.
Neste momento, o ICCA dispõe de 15 centros, nomeadamente dois de emergência, três de acolhimento e os restantes são de protecção social e de cuidados.
“Esses centros dão resposta às crianças em situação de risco e, mesmo assim, não são suficientes para acolher todas essas crianças”, realçou a presidente do ICCA, reconhecendo que as associações da sociedade civil têm também dado resposta nesse sentido, organizando actividades nos tempos livres.
Segundo ela, o Ministério da Educação, a Direcção Geral da Inclusão Social e os serviços de saúde têm tido um “papel fundamental” no acompanhamento das crianças portadoras de deficiência.
LC/CP
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