Lisboa, 17 Ago (Inforpress) – A Associação Crianças Desfavorecidas (Acrides) quer que a experiência e as boas práticas do Instituto de Apoio à Criança (IAC) em Cabo Verde sejam implementadas em toda a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Em declarações à Inforpress em Lisboa, Lourença Tavares contou que a Acrides conseguiu implementar o que o IAC faz em Portugal, adaptando à realidade cabo-verdiana, tudo com o objectivo de defender e promover os direitos da criança e da sua família.
“O meu grande desafio e grande ambição é que o que o IAC fez em Cabo Verde, através da Acrides, que a CPLP nos apoiasse para levar essa experiência a todos os países que falam português e têm crianças que sofrem e sem perspectivas”, frisou, lembrando que a pandemia da covid-19 e agora a guerra na Ucrânia, trouxeram “muito mais fragilidades”.
Lourença Tavares explicou que para implementar essas boas práticas em países como Angola ou Guiné-Bissau é preciso encontrar financiadores para que, assim como o IAC e a Acrides, procurem trabalhar em complementaridade e em rede para ter resposta “sustentáveis à promoção de defesa e direitos das crianças”, seja possível replicar.
Neste sentido, exortou ao engajamento de todas as organizações das Nações Unidas desses países, como o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a CPLP, o Conselho Europeu e as grandes instituições do Estado do mundo inteiro a apoiarem para concretizarmos deste desidrato de darmos a “verdadeira dignidade a todas as crianças”.
“Com a pandemia aumenta o risco de crianças de crianças serem presas fáceis para a exploração sexual e a Acrides convidou a primeira-dama para ser a madrinha para o lançamento ‘apadrinhar uma criança’ e para que todas as primeiras-damas se engajem nesta grande campanha e usar da sua influência para trazer outras e depois trazer todos os Presidentes e embaixadores, para que todos possamos ser cada vez mais úteis para as nossas crianças”, explicou.
Por seu lado, a membro da direcção do IAC, Matilde Sirgado, acrescentou que também deve haver vontade política e adaptação e adequação das medidas e políticas que são sociais de protecção, feitas por diferentes países, porque “tem que deixar de haver interesse económico de impacto, visibilidade e supremacia das nações”.
“É preciso ser uma política verdadeiramente ao serviço das famílias e das pessoas que precisam, nomeadamente as crianças, e neste contexto, na CPLP o futuro passa por aí, porque para não ser só uma experiência, tem que ter um efeito multiplicador e tornar generalizada para todos, tornando em algo mais sustentável e mais duradouro”, indicou.
O IAC, criado desde 1983, tem como missão, a defesa e promoção dos direitos da criança, procurando novas respostas para os problemas da infância na sociedade actual, sendo a “voz que chama a atenção” e actua para que mais crianças “vivam com alegria o tempo de ser criança”, com implementação de programas de prevenção e capacitação, que visam prepará-las para a vida adulta com maior capacidade de integração e participação activa na sociedade.
A Acrides, fundada em 1998, por Lourença Tavares, na sequência de uma formação em Cabo Verde sobre Educadores Sociais, realizada pelo Instituto Cabo-verdiano de Menores (ICM), hoje ICCA, em 1996, é uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, que se dedica à promoção e defesa dos direitos e deveres da criança e sua família.
Para além do “Projecto Rua – Em família para crescer” e SOS Criança, tem intervenções em actividade lúdica, humanização, polo de Coimbra, a Rede “Construir juntos”, a Rede “Juvenil “Crescer juntos”, serviço jurídico e formações.
Actua em quatro áreas de intervenção, nomeadamente a educação, a saúde, a protecção social e a promoção do voluntariado.
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