Portugal: Grupo de militantes da JPAI contesta eleição do novo presidente que diz que foi legitimamente eleito

Lisboa, 02 Mar (Inforpress) – Um grupo de militantes da Juventude do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (JPAI), em Portugal, está a contestar a eleição de Gelson Rodrigues como presidente da organização, mas este afirma que foi legitmamente eleito.

O grupo encabeçado por Fredilson Semedo, que se identifica como líder de uma lista concorrente às eleições para a direcção concelhia da JPAI-PT, requereu a 24 de Fevereiro, à Comissão de Jurisdição e Auditória de JPAI, a anulação da decisão da marcação da data das eleições para o dia 26 de Fevereiro, solicitando uma “resposta urgente”.

O grupo aconselhou a “reposição da legalidade estatutária”, tendo em conta o calendário estipulado e pediu a anulação da decisão, justificando com um conjunto de factos, nomeadamente o de que desde 2019 a JPAI-PT estar “totalmente inactiva”.

Conforme Fredilson Semedo, apesar de os membros que compõem a sua lista terem estado a desenvolver os actos preparatórios para se apresentarem às eleições, a 20 de Fevereiro foi publicado na página do Facebook JPAI-PT, “inactiva” desde 2021, uma comunicação anunciando a fixação da data das eleições para o dia 26 de Fevereiro, dando um período de seis dias entre a data da marcação e a fixada para o pleito eleitoral.

Outro motivo do pedido de anulação da decisão, conforme ele, tem a ver com a não disponibilização de um caderno eleitoral como exigem os estatutos da JPAI e não se deu a conhecer o regulamento eleitoral ou a constituição duma comissão eleitoral, sendo que a comissão preparatória foi composta por dois elementos.

Pelo exposto, Fredilson Semedo disse à Inforpress que pretende aguardar “ainda mais um pouco para dar tempo à JPAI de ponderar e tomar uma posição acertada no sentido de repor a legalidade exigida pelos estatutos e pelo regulamento”.

“Não vamos aceitar, de nenhuma maneira, esta situação negativa e violadora da democracia no interior da juventude do PAICV. A juventude pertence a todos os militantes e os artigos estatutários e regulamentares devem ser cumpridos para a salvaguarda dos direitos dos seus membros, porque só assim poderemos funcionar democraticamente na base da liberdade e da igualdade”, disse.

Por sua vez, Gelson Rodrigues considerou, em declarações à Inforpress, que “há alguma celeuma” sobre a data das eleições, já que todos tinham conhecimento “há muito tempo” que iria haver eleições, tendo em conta que o mandato da direcção cessante já estava caducado há algum tempo, esclarecendo que as eleições aconteceram conforme data e hora oficial publicada previamente pela organização.

A nossa candidatura, a partir do momento que tomou conhecimento destas informações (…), imediatamente começou a trabalhar o processo para poder cumprir com os requisitos formais estatutários. Reafirmo, que da nossa parte cumprimos com o prazo e os demais requisitos estatutários exigidos e nenhum membro da nossa lista fez parte ou teve qualquer intervenção na organização das eleições”, frisou.

Conforme ele, a sua lista e a outra liderada por Fredilson Semedo estavam em conversações desde Dezembro último, sobre a possibilidade de fusão das duas candidaturas, mas que não chegaram a um acordo, pelo que lamentou que assuntos internos da JPAI sejam “levados para fora”, quando há espaços próprios para derimir ou reivindicar.

“Embora tenha havido, no dia da eleição, uma tentativa de um conjunto de interferências externas ao acto e processo eleitoral, a organização legitimamente tomou às medidas para garantir que o acto culminasse com normalidade. Foi isso mesmo que aconteceu, apesar dos incidentes iniciais que referi, a nossa lista foi legitimamente eleita como nova direcção da JPAI-Portugal”, explicou.

Para Gelson Rodrigues, “sempre houve vários conflitos em Portugal” quando se trata de eleições a nível do partido ou da JPAI, reconhecendo que é um facto que não se pode “escamotear e uma fragilidade” que deve ser assumida e trabalhada para ultrapassar, “respeitando às diferenças de opiniões, sempre na base de diálogo e no respeito mútuo”.

No seu entender, “há uma grande deficiência por parte de muitos”, tanto na interpretação da forma de organização interna da JPAI, como do seu estatuto e demais instrumentos regulamentares internos, referindo que é um trabalho pedagógico interno que pretende levar a cabo no seu.

A Inforpress espera conseguir uma reacção, em Cabo Verde, da Comissão de Jurisdição e Auditória de JPAI ou da Comissão Nacional de Jurisdição e Fiscalização sobre o tema.

DR/HF

Inforpress/Fim

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