Porto Novo, 22 Set (Inforpress) – O combate a pragas, a mobilização de água e o levantamento do embargo imposto aos produtos agrícolas são, no entender dos agricultores, “os principais desafios” que se colocam à agricultura no concelho do Porto Novo, em Santo Antão.
As associações de agricultores neste município têm vindo a queixar-se de existência de pragas em quase todos os vales, situação que, avisam, tem condicionado a actividade agrícola neste concelho.
A título de exemplo, em Alto Mora, um dos principais vales agrícolas deste concelho, a associação local dos agricultores alerta para a existência de pragas como mil pés, traça do tomateiro e lagarta do cartucho do milho, que estão a deixar aflitos os lavradores.
Na Ribeira da Cruz, outro “importante” vale agrícola deste concelho, a praga dos mil pés é a maior preocupação, assim como na Ribeira das Patas, que a maior bacia hidrográfica da ilha de Santo Antão.
Já nas ribeiras dos Bodes e Fria, bem como em Casa de Meio, a traça do tomateiro tem sido uma preocupação constante dos lavradores.
Para os agricultores, a mobilização de água representa outro desafio, propondo ao Governo a retoma do programa de prospecção de água sub-terrânea em alguns vales, com destaque para Alto Mira, Ribeira das Patas, Ribeira Fria e Chã de Norte.
O presidente da Associação dos Agricultores em Alto Mira, Idarlino Fortes, diz que a classe já pediu ao Governo a execução de um furo para atenuar a carência de água para a irrigação nessa localidade.
O representante dos agricultores em Chã de Norte, Ivanildo Dias, entende que se devia pensar na execução de um segundo furo nessa localidade para atender às necessidades da classe.
Igualmente, na Ribeira das Patas, a associação para o desenvolvimento integrado dessa localidade defende a prospecção de água para “travar” a queda da actividade agrícola local, precisamente, por escassez de água.
Porém, para amenizar o problema de água para rega, o Ministério da Agricultura e Ambiente tem apostado na massificação da rega gota a gota no Porto Novo, onde quase uma centena e meia de agricultores já têm acesso a este sistema moderno de irrigação.
Dados disponibilizados por este ministério, apontam que, ainda este ano, todos os vales agrícolas no concelho do Porto Novo devem ficar cobertos com rega gota a gota.
O levantamento do embargo decretado há quase 40 anos e, consequentemente, a abertura do mercado para os produtos agrícolas de Santo Antão, constitui, conforme os agricultores, outro desafio com que se debate a agricultura no Porto Novo.
As autoridades locais e nacionais têm alertado ao Governo para a necessidade de reavaliar os impactos do embargo e encontrar uma solução para esta medida que, no seu entender, tem feito “muito mal” à agricultura santantonense.
O Presidente da República, durante uma recente visita a Santo Antão, exortou o executivo a reavaliar o embargo com vista a encontrar “uma solução” à esta “questão de fundo” com que se confronta a agricultura, nesta ilha, considerando que não se pode “falar de agricultura desenvolvida” nesta ilha, sem que antes se encontre “uma solução à esta medida.
JM/DR
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