PM pede “conjugação de esforços” para erradicar a pobreza extrema em Cabo Verde em 2026 (c/áudio)

Pedra Badejo, 14 Fev (Inforpress) – O primeiro-ministro apelou hoje a uma “conjugação de esforços” de todos na erradicação da pobreza extrema em Cabo Verde até 2026, particularmente em Santiago Norte, que é considerada uma das regiões mais pobres do País.

Ulisses Correia e Silva lançou este repto em declarações à imprensa após presidir ao acto da apresentação da Estratégia Nacional de Erradicação da Pobreza Extrema (ENEPE) 2022-2026 às seis câmaras municipais que compõem a Região Norte de Santiago, que teve como palco o Salão Nobre da Câmara Municipal de Santa Cruz, no interior de Santiago.

Santiago Norte, que é composta por seis municípios (Santa Catarina, São Salvador do Mundo, São Lourenço dos Órgãos, Santa Cruz, São Miguel e Tarrafal) é considerada uma das regiões mais pobres do País e que possui uma população de mais de 120 mil pessoas, segundo o Governo vai fazer a diferença na implementação da ENEPE 2022-2026.

A iniciativa, organizada em parceria com a União Europeia (UE), serviu para dar a conhecer a visão política e medidas de política implementadas e em curso do Governo e apresentar à sociedade civil e às seis câmaras municipais da Região Norte as acções estratégicas necessárias para o combate à pobreza extrema a serem implementadas no âmbito do novo Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável 2022-2026 (PEDS II).

Segundo as últimas estimativas, a pobreza extrema afecta actualmente 13,1 por cento (%) da população de Cabo Verde, incluindo 12.184 agregados familiares e 63.355 pessoas.

Os dados do Cadastro Social Único demonstram que o grupo mais afectado pela pobreza extrema são crianças (37%) e que a maioria das famílias em situação de pobreza extrema (85%) é chefiada por mulheres que, por sua vez, na sua maioria trabalha na economia informal, de natureza intermitente e de baixos rendimentos.

“Queremos que a erradicação da pobreza seja um compromisso nacional, por isso dizemos um desígnio nacional, porque, não é um compromisso do Governo. É claro que o Governo lidera, mas, com participação das câmaras municipais, das organizações como as igrejas, as associações e as ONG, das próprias famílias e das próprias pessoas. Isso tudo conjugado fará atingir os objectivos”, observou.

O chefe do Governo, que assegurou que o Governo que lidera vai implementar com “toda a força” este programa para atingir a meta em 2026, explicou que a estratégia é nacional, mas, que a implementação é regional e é local, ou seja, que esta implementação vai ter em conta o território.

Por isso, acrescentou que é com os mesmos instrumentos, nomeadamente as condições de criação de emprego, de rendimento, de formação, de empreendedorismo, de cuidados, de acesso à educação, à saúde, à habitação, particularmente das situações das famílias pobres que vivem em casas com problemas de segurança e em termos de edificação, que o ENEPE vai ser implementado em todo o território nacional.

E tendo em conta, que grande parte das famílias que estão em situação de pobreza são chefiadas por mulheres, situação muito pronunciada em Santiago Norte e na Cidade da Praia, notou que um dos objectivos da ENEPE é fazer com que o rendimento dessas famílias, cuja maioria trabalha no sector informal, da agricultura e das pescas aumente e que as crianças saiam da pobreza extrema.

Este pacote de medidas a ser aplicada em cada um dos 22 concelhos do País, conforme Ulisses Correia e Silva, vai colocar foco ainda nos bens básicos como água, electricidade, redes de esgotos e sanitários.

“Sabemos que Santiago Norte tem um nível de pobreza relativamente elevado quando comparado com o todo o nacional, mas, a meta é o mesmo: eliminar a pobreza extrema dentro do quadro das famílias identificadas”, assegurou, pedindo para que a ENEPE não seja “nem comercializada e nem politizada”.

No entanto, para que esta ambição seja atingida em 2026, que prevê foco nos mais afectados e nos mais vulneráveis designadamente as crianças, as mulheres chefes de família, os idosos e as pessoas com deficiência, disse esperar contar com o engajamento de todos os parceiros.

No acto da apresentação pública da ENEPE 2022-2026, em Santiago norte, intervieram ainda o ministro de Estado, da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social, Fernando Elísio Freire, o presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz, Carlos Silva, e a embaixadora da UE em Cabo Verde, Carla Grijó.

Estes, que reconheceram que a pobreza afecta mais as mulheres chefes de família e as crianças, destacaram o papel das câmaras municipais e da sociedade civil na implementação deste “grande instrumento” de combate à pobreza, referindo-se ao ENEPE 2022-2026.

Se tal acontecer, acreditam que as crianças terão um “novo futuro”.

FM/HF

Inforpress/Fim

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