Perfil/Maio: “Conquistei coisas bonitas no futebol mas ficou por realizar sonho do futebol profissional” – José Augusto

Porto Inglês, 20 Dez (Inforpress) – José Augusto Spencer, considerado um dos melhores jogadores nascido no Maio, diz ser um amante nato do futebol, que lhe presenteou coisas bonitas, lamentando não ter conseguido concretizar o seu maior sonho de se tornar futebolista profissional.

Começou a jogar a bola ainda criança, fez dos pátios da escola e das ruas dos bairros na cidade de Porto Inglês o seu campo de futebol, chegou a jogar quando jovem na equipa de Beira Mar, do Maio, mas foi nas ilhas de Santiago e do Sal, “ainda na flor da juventude”, que abraçou  ainda mais a sua paixão pelo futebol.

Foi convocado duas vezes para representar a selecção nacional, mas não chegou a integrar o plantel por causa de lesões, foi campeão e vice-campeão nacional em 100 metros, mas abandonou o atletismo após a conquista do título porque sentiu que o que realmente fazia seu coração vibra, era correr, sim, mas correr atrás da bola.

No Maio é conhecido por muitos por Gutcha e quando jogou nas equipas de Sporting e Boa Vista da Praia, ganhou a alcunha de ‘Motorinho di Mai por ter sido um jogador muito veloz.

Em entrevista à Inforpress, José Augusto conta que apesar as adversidades da vida, sente-se um homem realizado a nível do desporto.

“Sempre fui apaixonado pelo futebol, quando criança jogava muito, e desde essa época sabia que o meu lugar no mundo era no futebol. Quando ainda jovem joguei na equipa do Beira Mar aqui no Maio, mas não cheguei a disputar campeonatos na ilha porque na altura não se realizavam campeonatos aqui”, lembrou.

Além de ter jogado nas equipas de Sporting e Boavista da Praia, avançou que já jogou no Académico do Sal e na selecção de Santiago.

No estrangeiro jogou em algumas equipas do Luxemburgo.

Considera, porém, uma falha da sua parte não ter concretizado um dos projectos, que era também jogar na equipa do Mindelense de São Vicente.

Ter conseguido sair do Maio e integrar o plantel de outras equipas a nível nacional é para José Augusto uma das melhores coisas que lhe aconteceu enquanto jogador, isto porque, realçou, foram os períodos mais marcantes da sua carreira onde teve a oportunidade de adquirir experiências.

Não considera ser um dos melhores jogadores do Maio, mas disse acreditar que conseguiu dar o seu máximo para representar bem a ilha que o viu nascer e de ser, de acordo com as circunstâncias na altura, um bom jogador.

Entretanto, lamenta não ter conseguido realizar o seu maior sonho, que era ser um futebolista profissional, pois, devido a lesões no joelho e alguns constrangimentos a nível pessoal, pendurou as botas “antes do tempo”  e hoje tenta incentivar os mais jovens a encarar o futebol de forma séria e responsável.

“Pelo pouco tempo que joguei, sinto que fui feliz. Não acho que fui um dos melhores porque Maio tinha também muitos jogadores considerados bons.   O meu maior sonho era ser profissional, mas infelizmente não cheguei a realiza-lo. A vida tem os seus contratempos e imprevistos e também as vezes tem o factor sorte que nem sempre chega ou quando chega já é tarde demais”, declarou, ajuntando, que se as condições tivessem sido outras, conseguiria garantir a sua profissionalização.

Questionado como vê a prática do desporto actualmente na ilha do Maio, destacou ao avanços e as conquistas que o município tem tido a nível das equipas, defendendo, no entanto, uma maior aposta na construção e descentralização de mais infra-estruturas desportivas, visando promover e incentivar a prática do desporto na ilha.

Asseverou, por outro lado, que o município tem muitos jovens talentosos, mas que muitos não têm sabido aproveitar bem as suas qualidades, lamentando, por outro lado, os constrangimentos principalmente financeiros que muitos clubes enfrentam.

“Aqui no Maio tem muito jovens jogadores talentosos e seria bom se apostassem nas suas qualidades, apostarem também em treinos individuais, não esperar só pelos treinos colectivos porque se esforçarem acredito que poderão representar Cabo Verde ou jogar em outras equipas nas outras ilhas”, ressalvou, aconselhando os jovens a encararem o futebol de forma séria para a promoção e desenvolvimento do desporto na ilha do Maio.

Aliás, reforçou, foi a paixão e a sua forma de encarar o futebol que permitiu que saísse do Maio, conhecer novas pessoas, adquirir experiências e crescer como jogador, revelando que futuramente gostaria de implementar um projecto a nível do desporto, destinado às crianças.

“Conquistei muitas coisas com o futebol, ganhei muito conhecimento, muitas experiências, consegui resolver muitos problemas pessoais que foram aparecendo na minha vida, fiz grandes amizades e tenho boas lembranças que guardo para toda a vida”, assegurou.

CM/AA

Inforpress/Fim

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