Cidade da Praia,15 de Mar (Inforpress) – A União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) pediu hoje em declaração política no parlamento reconhecimento do Estado aos ex-militares da primeira incorporação de 1975 que abraçaram a causa da luta da soberania nacional, alistando-se nas Forças Armadas.
Conforme o presidente da UCID, António Monteiro, passados seis anos, na comunicação feita por altura da Independência Nacional, levaram ao Parlamento ao de leve a preocupação relativamente a vida desses ex-militares. Agora, volta a chamar a atenção da sociedade e do Governo mais uma vez sobre a problemática destes cidadãos.
“Na nossa humilde opinião, independentemente de tudo aquilo que se passou, no período que medeia o ano de 1974 e 1975, não pode servir de pretexto para não se reconhecer, 44 anos depois, a entrega e dedicação dos muitos jovens que, de forma espontânea, resolveram colocar as suas vidas na defesa da nossa terra”, defendeu.
Para o político estes jovens, que na altura abandonaram tudo e se entregaram “de corpo e alma ao serviço da Nação”, merecem “o mesmo reconhecimento que se deu aos combatentes da liberdade da Pátria”, que na clandestinidade, dentro das ilhas de Cabo Verde, apoiaram na luta pela independência nacional.
“Estes Jovens de ontem merecem, também, à semelhança daquilo que exigimos para os torturados de 1977, que se faça justiça, dando-lhes aquilo que o país pode e deve”, afirmou ainda, acrescentando que o regime de partido único deixou “marcas indeléveis” que a medida que o tempo passa exige “uma atenção especial”, para não correr o risco de “deixar tudo para ser consumido pela história, ficando a justiça e o reconhecimento por fazer”.
Por isso, afirmou que “o país será melhor se for capaz de os fazer sentir que a Nação tentou saldar a dívida” para com eles, enquanto “os cidadãos vítimas destas mesmas injustiças estiverem vivos”.
O eleito do Movimento para a Democracia (MpD, poder) João Gomes corroborou as palavras do presidente da UCID, confirmando que teve conhecimento de muitos desses cidadãos, que na altura foram jovens militares, estão a passar por enormes dificuldades, e, portanto, é de justiça que, de facto, a Nação cabo-verdiana pudesse olhar para eles, porque eles também contribuíram para um Cabo Verde que todos almejam.
Já o líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), Rui Semedo, reconheceu que os estados se constroem também com os seus tabus, e há questões em que foram transformadas tabus e que não se falam delas. Por isso, defendeu que se devem avaliar essas questões “com todas as dimensões e com todas a responsabilidade” para não levantar “fantasmas que poderão não ser benéfico para o percluso histórico e político.
No entanto, considerou que “o Estado tem obrigações, deve avaliar as suas possibilidades e não pode ignorar cidadãos que num determinado momento se entregaram de corpo e alma e deram uma contribuição para a edificação do próprio estado”, afiançou Rui Semedo.
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