Cidade da Praia, 11 Nov (Inforpress) – O partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) exigiu hoje da parte do Governo uma “explicação responsável” do que terá acontecido no caso da recusa de vistos a três jogadores da selecção nacional de andebol.
“Nos últimos dias os cabo-verdianos assistiram atónitos a recusa de vistos a um conjunto de jogadores da Selecção Nacional de Andebol que iriam participar numa preparação para representar Cabo Verde ao mais alto nível”, disse o líder do grupo parlamentar, Rui Semedo, numa declaração política proferida esta manhã no parlamento.
Rui Semedo salientou que esta recusa aconteceu num contexto em que Cabo Verde tem uma parceria especial com a União Europeia, e tem já assinado com a União Europeia uma parceria para a mobilidade, em que são dispensados vistos para a visita a Cabo Verde, e que o país detém a presidência da CPLP, tendo como bandeira a questão da mobilidade.
“O que terá passado? Que erros foram cometidos? O quê que deveria ter sido feito e não se fez? Por mais que se esforce não se compreende porque é que se recusa vistos ao Estado de Cabo Verde, porque é disso mesmo que se trata, uma vez que os atletas estão indicados para representar o país”, realçou o parlamentar.
Rui Semedo salientou que a selecção não é um grupo qualquer, mas sim uma organização credenciada para representar o país, as cores e os símbolos nacionais, incorporando e carregando consigo a alma da nação.
Por isso, considera que esta questão não deve ser resolvida apenas com a “manifestação da indignação ou a proclamação da solidariedade” do Instituto do Desporto e da Juventude ou ainda com a comunicação ao país do ministro do Desporto, manifestando a sua “impotência” perante todas as suas infrutíferas diligências.
“O país precisa, num primeiro momento, de uma explicação responsável, clara e convincente sobre o que terá passado e, num segundo momento, de uma garantia em como actos do género não voltarão a acontecer até para não desmobilizar aqueles que estão em condições técnicas e tácticas para nos representar nas competições internacionais”, sublinhou.
“O Governo e as instituições responsáveis não podem apenas nos debitar os seus lamentos, darem-se por satisfeitos e irem descansar tranquilamente. Cabo Verde precisa e merece muito mais do que isso”, afirmou, salientando que no caso, a selecção precisava de uma retaguarda forte, garantida pelo Estado com todos os seus recursos institucionais, logísticos e administrativos.
Neste sentido Rui Semedo questionou onde estava o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Filipe Tavares, que na perspectiva do PAICV, deveria abrir os caminhos, facilitar os acessos e garantir as ligações institucionais necessárias com os países para evitar este vexame.
Rui Semedo salientou que os cabo-verdianos se sentiram “indignados e feridos no seu orgulho” e os atletas se sentiram “desprotegidos” e o país se sujeitou a uma “humilhação”.
Por isso esta declaração política, explicou, tem por objectivo denunciar a situação, manifestar a indignação do partido e solicitar ao Governo para que medidas sejam tomadas para impedir que situações idênticas voltem a acontecer.
“Temos que redescobrir as raízes mais profundas sobre as quais se fundam a diplomacia cabo-verdiana e reencontrar ou reinventar as luzes que iluminaram os caminhos da projecção deste pequeno país muito para além das suas dimensões”, realçou Rui Semedo, desejando que, apesar das turbulências, a seleção cabo-verdiana tenha o melhor desempenho na sua primeira participação numa competição mundial.
MJB/ZS
Inforpress/fim