Parlamento: PAICV diz que as privatizações “falharam todas clamorosamente”

Cidade da Praia, 22 Mar (Inforpress) – O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV-oposição) disse hoje, durante o debate parlamentar com o primeiro-ministro sobre a transparência e a qualidade da Democracia em Cabo Verde, que as privatizações “falharam todas clamorosamente”.

Este ponto de vista foi manifestado pelo líder da bancada parlamentar do PAICV, João Baptista Pereira, para quem os exemplos desses “falhanços” estão na privatização da TACV, que, segundo disse, deve ser pelo menos um caso de estudo.

“Ao contrário dos 11 aviões prometidos, o país carrega hoje uma dívida elevadíssima a que se acresce a falta de ligações interilhas. Aliás só em 2022 se injectou 10 milhões de euros na TACV e vai injectar mais 30 milhões até 2026 e se vai negociar um novo parceiro estratégico para privatizar”, afirmou.

Dirigindo-se ao primeiro-ministro, este parlamentar defendeu que se deve partilhar com os cabo-verdianos informações sobre este novo parceiro estratégico, para não fazer a mesma coisa que fez em 2016 com os islandeses.

Outro “falhanço”, apontou, está na situação em que se encontram os transportes marítimos Interilhas “com cada vez menos regularidade, menos previsibilidade, menos respeito pelos utentes e preços cada vez mais proibitivos”.

“A tudo isso acresce que, segundo o primeiro-ministro, só para 2024 se prevê uma solução para ligação entre as ilhas, quando o ministro do mar anunciou a medida para Novembro de 2022”, acrescentou.

Continuando, João Baptista Pereira pediu que a privatização dos aeroportos e aeródromos de Cabo Verde seja portadora de resultados que realmente beneficiam os cabo-verdianos, pois, disse que “seriam 40 anos de penúria ou termos de pagar com os olhos da cara para reverter tal privatização”.

“Infelizmente, o senhor primeiro-ministro preferiu privatizar activos estratégicos do Estado por ajuste directo, sem concursos, escudado na falsa embalagem ideológica (…) preocupa o PAICV quando o governo tem na fileira de privatizações a ENAPOR, a Electra, a IFH, a Cabo Verde Telecom, o NOSi, a EMPROFAC, a Escola de Turismo e enfim por aí fora”, frisou.

Este deputado manifestou preocupação pelo facto de, segundo referiu, “não se antevê qualquer mudança em atitudes e práticas do primeiro-ministro de conduzir esses processos na calada da noite, sem concurso público, sem que sejam realizados ou conhecidos os estudos prévios que recomendam as opções feitas, sobretudo a opção pelo ajuste directo, pelos pagamentos em prestações, com base em sugeridos pelos próprios compradores em grande encargos e contratos que a prazo têm se revelado repletos de lacunas e lesivos do interesse público nacional”.

GSF/ZS

Inforpress/Fim

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