Parlamento: Ligar problemas económicos e financeiros dos órgãos à autocensura é desqualificar os jornalistas- PM

Mindelo, 25 Maio (Inforpress)- O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, afirmou, hoje, no Parlamento que dizer que os problemas económicos e financeiros dos órgãos levam à autocensura é fazer uma desqualificação da função do jornalista.

Ulisses Correia e Silva fez estas considerações no debate sobre “comunicação social, Democracia e Desenvolvimento”, após ser questionado pelo líder parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), Rui Semedo, sobre as medidas do Estado para criar as condições “para que não haja autocensura” e garantir “uma imprensa totalmente livre em Cabo Verde”.

Segundo o primeiro-ministro, quando se afirma que há uma autocensura generalizada em Cabo Verde isso pressupõe que os jornalistas, de uma forma generalizada, a volta dos 90 por cento(%), estão em regime de autocensura.

“Eu pergunto se isso é verdade, se isso não mexe com o brio profissional e com a deontologia e com aquilo que o jornalista, em si, encara na sua profissional para que se deixe de facto censurar”, contrapôs Ulisses Correia e Silva.

O chefe do Governo disse não acreditar que os jornalistas cabo-verdianos se revejam neste quadro de que fazem autocensura porque há um problema económico e financeiro dos jornais onde trabalham.

“É uma desqualificação da função do jornalista quando vêm com esses tipos de argumentos a dizer que problemas económicos e financeiros levam à autocensura “, afirmou.
No entanto, conforme o líder parlamentar do PAICV, Rui Semedo, quando se fala de autocensura a responsabilidade é colocada acima do executivo e não é em cima dos jornalistas.

“É o executivo que tem que criar as condições para que não haja autocensura. Caberá ao Estado criar as condições para que não haja autocensura e para que haja em Cabo Verde uma imprensa totalmente livre”, sustentou o político, lembrando que a Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC), o relatório dos Repórteres Sem Fronteiras e de outras instituições internacionais é que constataram a existência da autocensura, a quada da liberdade de imprensa, além de outros problemas enfrentados pelos meios de comunicação em Cabo Verde.

Esta tarde o debate com o primeiro-ministro ficou marcado por sucessivos ruídos provocados pelos deputados, que constantemente foram chamados à atenção pelo presidente da mesa da Assembleia Nacional, Armindo Luz, a pedir que colaborassem para que pudesse dar continuidade aos trabalhos.

Findo o debate, os eleitos nacionais debruçaram-se sobre a votação da proposta de lei que estabelece as normas de qualidade e segurança em relação à dádiva, colheita, análise, processamento, preservação, armazenamento e distribuição de órgãos, tecidos e células de origem humana.

CD/JMV
Inforpress/Fim

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