Mindelo, 25 Mai (Inforpress) – O PAICV (oposição) disse, hoje, que o País está perante um Governo de propaganda, de feiras, fóruns e desculpas e alertou o primeiro-ministro que a propaganda não leva a panela ao lume nem resolve os problemas das populações.
Esta análise foi feita pelo líder parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), João Baptista Pereira, em declaração política, em alusão aos sete anos da Governação do Movimento para a Democracia (MpD), dois dos quais referentes a esta legislatura.
João Baptista Pereira começou por lembrar que Ulisses Correia e Silva, líder do Governo, disse na altura da campanha eleitoral que não fazia promessas e que, após diagnóstico completo e contas feitas, tinha soluções para todos os problemas do país.
Por isso, avançou, mais do que promessas, assumiu compromissos com os cabo-verdianos.
No entanto, segundo o líder parlamentar do PAICV, o que se verificou foi “incumprimentos contratuais de Ulisses Correia e Silva diante dos compromissos mais emblemáticos assumidos com cada cabo-verdiano na sua ilha e na diáspora e com a nação”.
“Não honrou o compromisso de formar um Governo entre dez a doze membros. Pelo contrário, brindou o país com um elenco governamental de 28 membros, representando um aumento de cerca de 400 mil contos em despesas de funcionamento do Estado”, exemplificou o político da oposição, lembrando que “não atingiu a meta de crescimento médio real mínimo de 7 por cento (%) ao ano , não conseguiu reduzir o desemprego e criar os 45 mil empregos dignos e bem remunerados”.
Conforme a mesma fonte, o Governo de Ulisses Correia e Silva “não honrou o compromisso de actualização anual dos salários e pensões, incluindo o salário mínimo, e de reduzir a carga fiscal em 1% ano, até atingir 5”, não construiu um “sistema de transportes integrado, competitivo e seguro”, não ligou as ilhas de “forma eficiente e regular”, “privatizou os TACV sem concurso público” e não atingiu a meta de “reduzir a pobreza relativa para níveis inferiores a 18%”.
Ainda, segundo João Baptista Pereira, a pobreza em Cabo Verde aumentou de cerca de 179 mil, em 2015, para 186 mil, em 2021, sendo que cerca de 127 mil cabo-verdianos estão em situação de extrema pobreza.
Também lembrou que “63% de cabo-verdianos consideraram que o país está a ser conduzido na direcção errada ou de 61% dizerem, claramente, que as actuais condições económicas são más”.
Por sua vez, o deputado do Movimento para a Democracia (MpD, partido do Governo), Euclides Silva parabenizou o Governo pelo segundo ano de mandato, referindo que a avaliação é para os dois anos de governação, porque a anterior legislatura foi avaliada pelo povo. Para o deputado do MpD, a leitura feita pelo partido da oposição é de quem não aceitou a derrota que o povo lhes impôs nas urnas.
“Isso é visível porque o líder parlamentar do PAICV falou aqui de um programa do Governo que já foi julgado nas urnas e o povo, soberanamente, nas urnas rejeitou por duas vezes o PAICV”, o desemprego jovem em 2016 era de 41% e em 2019 baixou para 21 %.
Para Euclides Silva, está-se perante um Governo “competente que, em tempos difíceis, trabalhou arduamente para salvar vidas, empregos e proteger as instituições”.
O eleito nacional considerou ainda que o país tem uma “democracia robusta” e goza de um “enorme prestígio internacional” graças ao trabalho do Governo.
Na leitura do deputado do PAICV, António Fernandes, o Governo “tem que pedir desculpas aos jovens” em Cabo Verde porque “foram os mais massacrados na governação do MpD”.
“Em 2019 houve um aumento de 31 mil pessoas que foram para a inactividade em relação ao ano de 2016. Para mostrar que, nesse grupo de inactivos, a grande proporção é justamente jovens”, portanto, acrescentou, “é uma enganação de que houve a redução de emprego na governação do MpD, porque os jovens foram desencorajados para agrupar a classe dos inactivos”.
O deputado da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição), António Monteiro, concordou com a leitura do PAICV, defendendo que “a situação do País não é fácil e é de extrema dificuldade para muitas famílias e empresas”.
“A situação fica mais complicada quando analisamos os dados vindos a público do Instituto Nacional de Estatística (INE) que veio nos dizer de forma clara e objectiva que 31.709 cabo-verdianos perderam emprego entre 2016 e 2022”, reforçou.
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